domingo, 29 de julho de 2012

A despedida



Sábado, 18h42min, o celular toca:
Ela: Oiiii!!!
Ele: Oi!
Ela: Tá fazendo o quê? Tá ocupado?
Ele: Não! To de bobeira em casa. Por quê?
Ela: To a fim de sair pra jantar na rua, tu me faz companhia?
Ele: Faço! To a fim também de dar um rolé! Curtir outros ares! rsrs!
Ela: Legal! Se arruma que dentro de meia hora passo aí. Vamos ao ilha Porchat.
Ele: Beleza então! Beijo!
Ela: Beijo!

Já era quase meia noite quando voltaram. Ela estacionou seu Ford Export na frente de casa, mas, não desligou o carro e ficou lhe observando calada por alguns instantes:
Ela: Adorei a noite.
Ele: Eu também. O jantar foi show de bola!
Ela: Que bom que você gostou. Adorei o vinho que escolheu. Não conhecia!
Ele: Conheci esse vinho através de um amigo. O problema é que não sei parar de bebê-lo. rsrs!
Ela: Hahaha! Seu bobo! Te adoro, sabia?
Ele: É! Mas, para mim ainda é difícil responder isso.
Ela: Adoro quando você mente pra mim.
Ele: rsrs!

Deram um abraço de despedida. As mãos dela tentavam percorrer o corpo dele, que então, se afastou como num susto.
Ele: Melhor parar… melhor parar!
Ela: Também acho. Ou não? – ela sorriu convidativa.
Ele: Nos vemos outro dia.
Ela: E se…
Ele: Se?
Ela: Você fosse dormir lá em casa? Estou sozinha hoje e tenho um vinho excelente lá.
Ele: Já chega de vinho para mim hoje.
Ela: Podemos ficar mais a vontade.
Ele: Acho melhor não. Quero organizar minhas coisas em casa. Não fiz nada hoje.
Ela: Desde quando você liga pra isso?
Ele: Desde que meu trabalho passou a me consumir e só tenho metade do sábado e o domingo para organizar minhas coisas.
Ela: Tadinho!
Ele: rsrs!
Ela: Tem certeza?
Ele: Tenho.
Ela: Então está na hora do senhor ir dormir. Nada de ficar escrevendo belos poemas na madruga viu?
Ele: Não prometo nada. rsrs!
Ela: Eu sei.

Beijaram-se no rosto. Ela o observará com aquele olhar de desejo e vontade de abusá-lo ali mesmo. Lentamente, ela passava a língua sobre seus próprios lábios.
Ele: Não me provoca!

E ela subitamente parou.
Ele: Eu detesto quando você me obedece. rsrs!
Ela: Eu sei. Hahaha!
Ele: Se cuida.
Ela: Você também. Me liga amanhã?
Ele: Não! Melhor não. E além do mais eu to sem crédito.
Ela: Que pena. Então, tchau amor.
Ele: Amor? rsrs! Piada! rsrs! Mas, tudo bem. Tchau.

Ele desceu do carro, bateu a porta e deu um adeus com a mão. Ela retribuiu sorrindo e mandando um beijo com a ajuda de uma das mãos.
00h36min. Já em casa, em frente ao computador, o celular dele novamente toca:
Ela: Oi lindo!
Ele: Oi! Já está com saudades? rsrs!
Ela: Hahaha! Bobo! To ligando pra dizer que foi melhor tu não ter vindo dormir aqui. Cheguei em meu prédio agora e na garagem me deparei com o carro do meu marido estacionado. Ufa! Já pensou que B.O?
Ele: Pois é! É como eu digo, “o que não existe, não deve ser alimentado!”
Ela: Mas, irá existir.
Ele: É! Sempre existe um outro caminho! Até lá, vivo dentro de um determinado tempo. Boa noite!
Ela: Boa noite lindo! Beijo!

sábado, 21 de julho de 2012

Sexta que vem


Não tinha como aquela sexta-feira ser o dia mais feliz.
Foi dia que voltei a pé, do trabalho para casa. Logo pela manhã, próximo ao escritório, meu carro deu um problema. Passei o dia sem carro e acrescentando mais uma despesa do mês.
Era impossível acreditar, que justamente numa sexta que meu carro quebra pela manhã, seria o dia mais feliz.
Por falar em mês, que mês terrível! Tudo por conta da mudança.
Após vinte e sete anos juntos, eu e minha esposa resolvemos comprar a casa própria e fugir do aluguel. Achamos uma bela casa com três quartos. Tudo que todos nós queríamos, falo isso por conta das crianças. Nosso filho mais velho, depois do nascimento da irmã, passou a exigir seu próprio quarto. Essa seria a hora de ter sua privacidade, já está com seus 14 anos, merece. E a pequena ficará no quarto próximo ao nosso.
Esse era os planos, mas não sabia que logo após a compra, a mudança e a felicidade de fugir definitivamente do maldito aluguel, as confusões iriam começar por conta da localização da casa.
Esposa e filhos reclamavam o dia inteiro:
“Temos que chamar um encanador pra dar uma geral no encanamento!”
“Pai, esse bairro é um lixo! Jamais convidarei meus amigos pra vir aqui nesse chiqueiro!”
E assim os dias passavam entre estresse no trabalho e em casa as reclamações.
Ninguém percebia que estávamos no nosso próprio lar.
Minha esposa não notava que agora iríamos economizar por mês o valor absurdo do aluguel.
Estavam todos assustados com o bairro, por ser humilde.
Não tinha como aquela sexta-feira ou qualquer outra sexta daquele maldito mês, ser feliz.
Caminhando pensativo de volta pra casa, percebo paisagens que jamais tinha notado e olhe que sempre passo nessa rua.
Nesse instante, lembro do carro quebrado e lembro que tinha acertado de pegar minha esposa no super mercado. Imediatamente, puxo o celular para avisá-la que estou sem carro e ele toca antes. Era ela, perguntando onde eu estava:
“Cadê você? To aqui sentada na escada da restaurante “Levity”, já ta chegando?”
Não tive como não desanimá-la com a noticia:
“Desculpa querida, mas estou sem carro. Ele parou de manhã, achei que seria algo rápido e não foi, mas faz o seguinte, pega um táxi e vai pra casa, devo chegar em 40 minutos, pois estou sem grana e a pé.”
Pra piorar a situação ela responde a mesma coisa:
“Também estou sem grana, a pé e cheia de sacolas do mercado! E aí?!”
Realmente estávamos sem grana. As pequenas reformas sugaram tudo que sobrou depois da compra da casa.
Sem opções, respondi já correndo:
“Ta bom! Em 15 minutos estarei aí. Beijo!”
Desliguei e continuei feito flecha cortando o vento em direção ao restaurante.
As pessoas me olhavam assustadas. Por que um homem de terno e gravada cruzaria tantas avenidas tão apressado?
Não tinha uma resposta exata para essa pergunta, apenas uma pequena certeza.
A clareza da resposta tive ao chegar à última quadra, uma rua reta que dava ao lado da escada do “Levity”.
Desacelerei os passos para recuperar o fôlego, quando ouvi a voz do Marquinhos:
“Mãe! É o pai!”
Ele disparou correndo, feito bala de revólver em minha direção.
Enquanto isso, minha esposa levantou do degrau onde estava sentada e ficou parada me olhando fixamente, e ao seu lado a Sophia de 4 anos, segurava uma pequena sacola plástica e perguntava puxando a calça jeans da mãe:
“É papai? É papai?”
Já abraçado de lado com o Marcos, sigo caminhando meio sem entender porque minha esposa estava parada.
Quem diria, logo essa sexta-feira, suado, sem carro, na rua com a família e as sacolas do super mercado, seria o dia escolhido.
Sophia correu em minha direção e antes de apanhá-la no chão pensei:
“Ah! Se as crianças estão felizes, não vou nem me preocupar com o que ela ta brava.”
Já a uns cinco segundos da mulher que me foi destinada, noto seus olhos repleto de lágrimas e passo a Sophia para os braços do irmão, enquanto a Cris abre os braços para mim...
Lágrimas escorrem no meio do nosso abraço e antes de conseguir perguntar qual o motivo, Cris me olha com olhos borrados, molhados e me diz:
“Eu te amo!”
Tentei responder a mesma coisa, mas fui interrompido quando as crianças nos abraçaram.
Então, dei um beijo pensativo em minha esposa:
“Por isso te escolhi para ser a mãe dos nossos filhos. Não importa o mês, o bairro, o carro ou a quantidade que carregarei de sacolas plásticas de super mercado. O que importa é o que sinto e te provarei isso dia após dia...
Até mesmo sexta que vem.


quinta-feira, 19 de julho de 2012

Dejavu Vermelho



Foi exatamente no dia 15 de fevereiro.
Show da banda O Rappa, lá estava eu solteiro e descomprometido com a tal obrigação
masculina de ir pra festa e ter que pegar mulher...
Foi assim que Pedro começou a narrar sua noite inesquecível:
"Estava eu, a Dany, o Fabio e o Ronaldo.
Eu cheguei primeiro que eles e fiquei por algum tempo perto da bilheteria.
Comprei uma cerveja e me encostei no muro próximo a entrada. E lá fiquei observando quem entrava
fumando um cigarro.
Tinha até um senhor que morava no mesmo bairro que eu. Tava vestido como motoqueiro.
Nunca tinha visto ele assim. Ele me reconheceu e acenou fazendo o sinal de positivo.
Sorri meio de lado e olhei o celular, pois tinha vibrado. Era uma mensagem da galera perguntando onde eu estava.
Respondi rapidamente como quem escreve a punho e logo me acharam.
Na real, a minha pressa toda era pra entrar logo pra comprar várias fichas no bar pra não ter que
toda vez pegar duas filas, pra ficha e para birita.
Já dentro da casa de show, nosso primeiro trajeto foi esse e logo em seguida já tomando uma loira gelada, foi a hora de saber onde ficava o banheiro. Lógico, festa, cerveja e banheiro, não podem se separar nunca.
Todos os cantos conhecidos, era hora de preparação para a banda.
Meu primeiro show da turnê "7 vezes", estava ansioso para ver os caras ao vivo fazendo aquele som.
De repente a multidão fica eufórica! As luzes se apagam e o apresentador começa a anunciar a banda.
Era dada a largada da contagem regressiva...
Cinco...
Quatro...
Três...
Dois...
Um...
O Rappaaaaa!!!
Começa uma vibe nebulosa inexplicável! Todo mundo enlouquecido.
Meus amigos ao redor, desapareciam a cada pulo que dava.
Foram sete músicas seguidas, sem pausa, sem "boa noite rapaziada!"
Os caras estavam com sede de show.
Não tinha tempo de comprar cerveja, as fichas estavam empoeiradas no bolso.
Não importava! Queria curtir o show. Esse sempre foi o propósito da noite.
Tirei a camisa e fui pra frente do palco. Enfrentei um pelotão iluminados pelo som e consegui chegar próximo a grade de proteção.
Passei uns cinco minutos e não suportei ficar, estava muito apertado, nem conseguia me mexer direito.
A volta foi difícil, entre "licença!" e empurrões, cheguei num ponto que dava pra ver a banda completa e tinha espaço para libertar minha alma.
Dançava solitário ao som da vibe hipnótica do O Rappa.
Ao abrir os olhos estava dentro de uma roda de luz, cercado de mulheres.
Todas hipnotizadas, dançavam no mesmo compasso de tempo que o meu.
Entre as belas, uma despertou minha atenção.
Morena clara, 1,68m, cabelos liso com um tom avermelhado escuro
Olhos negros, vivos e intensos, e um conjunto de boca sem igual.
Sorriso, lábios cheios cor de romã.
Desfilava feito bailarina, com sua blusa vermelha com um imaginário decote nas costas e uma calça jeans preta que mostrava bem suas sinuosas curvas.
Era uma perfeição de mulher!
No momento mais atraente do show, a Dany me desperta do sonho:
"Ei! Tá fazendo o que aí sozinho? A banda deu uma esfriada, hora de comprar as cervejas."
A bela morena me olhou meio decepcionada quando viu minha amiga me levando pelo braço.
"Que droga! Ela pensou que a Dany era minha namorada."
Pensei e logo esqueci. Não ia me estressar com isso. Aliás, estava ali para curtir o show.
Já ao lado dos amigos, o Ronaldo fala:
"Pedro, você fez a gente esperar aqui por vinte minutos sem breja, então você mesmo vai enfrentar
a fila e pegar a cerveja de todo mundo!"
Nada mais justo, e para mim não era problema algum. Seria a hora certa, só não sabia que iria estressar o Ronaldo ainda mais.
O Fabio quis ir também, então seguimos conversando sobre como estava o show.
Antes de comprar as "loiras", passamos no "maldito banheiro". Uma fila imensa cheia de barbado, tudo em posição de barreira de jogo de futebol.
E lá vamos nós parados por dez minutos na fila pra mijar.
Quando consigo sair o Fabio já tava nervoso:
"Vamo logo Pedro! O Ronaldo já deve ta puto!"
Respondi:
"Calma Fabio. Não temos culpa de nada agora. A culpa foi da fila!"
Era como um "dejavu", eu sabia que iria repetir essa frase logo mais.
Continuamos até a fila da cerveja e aí aconteceu a colisão!
Esbarrei com ela novamente, mas ela só deu um:
"Foi mal! Desculpa!"
E foi passando lentamente por mim entre a multidão que seguia em direção ao balcão.
Numa reação inesperada, segurei a blusa dela bem no vão do decote.
Ela freiou bruscamente, sua blusa levantou, pude ver sua cintura e aquela tatuagem de fadinha que
adora ficar exposta ao sol.
Ela virou-se como um furacão pra me arremessar longe, quando percebeu que era eu...
Sorriu tão lindamente como o céu amanhecendo e no mesmo momento em que o Fabio exclamava:
"Vamo logo!!!"
Ela me tascava um beijo daqueles de acabar com eventos.
Era como um salto num abismo invísivel.
Nossas línguas num confronto interno e nossos corpos trêmulos num abraço meio que empurra e puxa.
Não sei quanto tempo durou essa transfusão de desejo, mas me pareceu que o mundo havia parado naquele momento.
Voltei em si, quando notei o Fabio enfiando uma das mãos em meu bolso e com a outra tentava desconectar a dama de vermelho de mim:
"Me dá logo as fichas porra! Solta ela!"
Solta ela...
Era impossível.
Aquela boca
Aquele cheiro
Aquela pele
Aquele adeus:
"Tchau lindo! Bom show pra você!"
Assim ela desapareceu no meio da multidão.
Sem saber o que estava acontecendo direito, recebo um tapão nas costas e ouço uma voz:
"Tá fazendo o que?"
Confesso que gelei, mas ao ouvir a frase, percebi que era o Ronaldo e bem puto:
"Qual foi Ronaldo?! Tapão da porra!"
De repente aparece outro puto cheio de cerveja nas mãos:
"Aí as brejas!"
Tive uma crise de risos ao ouvir o Fabio contando tudo que não vi, pois nem estava ali:
- Qual foi o motivo da demora agora? Perguntou o Ronaldo.
Fabio logo em seguida respondeu:
- A culpa foi do Pedro! Deu em cima de uma mina e ficou horas se pegando bem ali no meio da fila.
O povo todo gritando pra eles saírem dali e irem para um motel, e eles lá, achando que estavam no sofá de casa.
Sem conseguir falar direito, por conta do riso, tentei me explicar:
- Não foi nada disso Ronaldo! A mina passou e eu apenas mexi com ela, pois ela já tinha me visto antes.
Ela avançou em mim. Me abusou em pleno show!
A culpa não foi minha, foi dela!
Eu sabia que ia repetir essa frase. Assim como nesse mesmo instante, tive a certeza que
nunca mais iria para um show junto com a galera, pois todos estavam furiosos... e a morena, foi como uma frase repetida...
Foi muito bom o show.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Machucados


Uma carta descomprometida, estava sobre o tapete da porta do meu apartamento
Era um apartamento confortável, para mim era na minha época de solteiro
Dois quartos, sala, dois banheiros, sendo um na área de serviço e uma cozinha até espaçosa
Ahh..! Quantas noites de farras... Mulheres, bebidas e sempre eu só, sem dever nada a ninguém
Aproveitando os momentos livres da vida... mas apareceu a tal carta!
Um envolepe branco, sem carimbos, nem selos do correio
Peguei lentamente o ser branco que repousava, quase sorridente no meu tapete escrito: "Limpe os pés"
No verso, escrito de cor azul suave, dançavam em delicada forma, o traçado da frase que dizia:
"PARA VOCÊ!"
Quem poderia ser?
Pensando, entrei em casa observando fixamente aquelas letras, tentando decifrar alguém pela caligrafia
Tirei os sapatos na sala mesmo, fui na cozinha pegar um copo d'água, voltei e sentei no sofá
Sem demora abri a tal carta misteriosa...
Num pedaço de papel de algum tipo de agenda "TEEN", escorria cachoeiras de letras que cantarolavam:
"Me veja!
   Me sinta!
       Deseja...
          O mesmo que eu
          Não te quero só por apreço
          Indefinivel e sem preço esse amor
          Abra os olhos e perceba a vida ao seu redor!"
Quem poderia ser?
Pensando, passei horas no sofá.
Não comi, não tomei banho e nem fui "mijar"
Meu copo gritava: "Me beba!"
Levantei um pouco pra me movimentar
Pensar em pé, talvez seja melhor
E assim começou minha tortura por vinte e um dias
Passei a observar todas as mulheres solteiras do meu prédio de doze andares
Vi mulheres lindas que nunca tinha visto
Esperava alguma esboçar um sorriso, um gesto... uma dica
Um cão guia, um mapa, um convite, um "Olá!"
Nada aconteceu... talvez ela tenha se arrependido do que escreveu
No dia 30 de novembro, um belo domingo de sol
Estava eu no churrasco da festa da posse do novo síndico
Farra grátis, não perdia! Só não sabia que essa seria a última
Todas as solteiras se exibiam em micro-biquinis na área ao redor da piscina
Aquele cheiro de carne assada na brasa e aqueles belos corpos dourados confundiam meus pensamentos
Esquecia o meu segredo branco sem remetente
Queria sentir o sal da pele, lábios vermelhos e carnudos, prontos para beijos e mordidas com sabor
Voltei a ser só, livre e me soltei na festa 
Bebi, comi, tomei banho na piscina e lógico, conheci todas as "assadas do sol"
Preparei o terreno e decidi investir em apenas uma
E que bela "uma"
Solteira, morena clara, cabelos liso e cheios.
Seios fartos e um shortinho jeans molhado pelo bininho vermelho
E aquela voz de nuvem delicada, fez o cupido tocar a harpa e cantou seu nome:
Fernanda Mascaro, uma linda empresária de olhos castanhos escuro e lábios cor de pitanga
Conversei a tarde toda com a "Nanda" (já estava nessa intimidade), até que o sol baixou e todos começaram a se despedir da festinha 0800
Senti ela muito receptiva a tudo, então achei o momento oportuno para convidá-la ao meu Ap:
"Não quer ir até minha casa? Podemos conversar mais e tomar um vinho que tenho pra fecharmos com chave de ouro esse belo domingão!
O que acha?"
A Fernanda me olhou de cima a baixo e sorriu dizendo calma:
"Acho que já tá na hora mesmo de uma conversinha mais reservada."
Fiquei espantado!
Aquela escultura viva tão delicada, era quente como ácido sulfúrico queimando a pele
"Seria ela então a tal mulher da carta?"
Me perguntava enquanto respondia tudo, sem ouvir nada do que a Fernanda falava
Já no Ap, não existia mais palavras, apenas suspiros e estalos de lábios e línguas perdidas ali na sala mesmo, no velho sofá de guerra de beijos
Depois de tudo feito, barba, unhas, pés e cabelo, adormecemos abraçados, mudando de cor de acordo com o programação da TV
4:22hs da manhã, acordo com a Fernanda me perguntando:
"Quem deu essa carta pra você? Qual das suas visitantes constante escreveu?"
Não era ela...
Desde o dia que recebi a carta, não tirei mais de cima da mesa da sala, esperando que a mulher que entrasse fosse a autora dos desconhecidos versos
Confesso que me decepcionei um pouco, mas a "máquina" Fernanda, já tinha me dividido
Deixei a vida de rei das farras e casei com "os lábios cor de pitanga"
O foda foi ter dito pra ela que a carta foi de uma paixão da infância
Que eu nem se quer consegui enxergar...
As duas nem sabe que todo dia penso na mulher da tal agenda "TEEN"
Quem mais se machuca, elas ou eu?

sábado, 14 de julho de 2012

Ciúmes em vão



Cintia caminha desprevenida na Av. Paulista
Poucas pessoas cruzavam seu caminho.
Próximo ao acesso a estação Trianon - Masp, Cintia se depara com Marcos (seu namorado) de mãos dadas com uma loira.
Sem acreditar no que via, Cintia passou despercebida pelos dois.
Marcos seguia em direção ao metrô, conversando, sorrindo de mãos dadas com a desconhecida.
Há doze pessoas de distância, Cintia observava o canalha abraçadinho com ela.
Ela controlava-se para não esganar os dois ali mesmo no meio do povo.
Todos embarcam no metrô do horóscopo de um maldito jornal, que a Cintia leu hoje mais cedo no trabalho:
"Dia favorável para dar um passeio, mas evite lugares movimentados, eles podem estragar seu dia."
Cintia observava sentada, os dois trocando carícias de pé.
De estação em estação, gente entrava e saía, e ela se distorcendo em silêncio.
Era um trem fantasma de lembranças falsas do seu falso amor.
Promessas ilusórias... traída quando completavam o primeiro mês de namoro.
"Como sou idiota!"
Próximo a estação do Tucuruvi, Cintia, nota que Marcos e a loira desconhecida, estão anciosos.
"Será que ele vai descer aqui em casa também? Se ele descer desfilando com essa vagabunda aqui no bairro onde todos já o conhecem, não sei o que faço."
Esse era os seus pensamentos nesse momento crucial. Marcos estava prestes a quebrar o limite do respeito.
E assim aconteceu, ele desceu na estação de mãos dadas com a loira de olhos claros, como o dele, mas muito mais nova.
A "estranha", vestia uma calça jeans escura, uma camiseta de manga amarela e sempre muito sorridente.
Cintia caminhava trêmula como se o frio do ártico soprasse raiva, ódio e dor.
"Seu FDP! Como tem essa cara de pau de vir aqui?!"
Ela só pensava no mal, no mal...  no mal...
Aquele velho instinto natural animal de todo ser vivo. Que ressistiu há anos, matando, devastando.
Cintia agora era o inferno vivo, borbulhando sangue quente de lava.
Marcos seguia com sua "amiguinha" em direção a portaria do prédio da sua namorada, ou seria ex?! Pelo decorrer da situação, não existiria como a Cintia continuar sendo sua namorada.
"Se você subir com essa "vadia" pro meu apartamento, matarei os dois!"
Pensamentos macabros, rondavam a mente de Cintia e mesmo assim, Marcos decide desafiar o veneno da sua namorada.
Ele cumprimenta o porteiro e entra no prédio com a "linda loira".
Marcos tinha a chave do Ap, foi uma das primeiras coisas que ela deu para ele quando começaram o namoro.
Cintia não conseguia mais caminhar. Parou na esquina próxima ao seu prédio e fumou  lentamente um cigarro de filtro branco.
A brasa queimava e acendia feito uma tocha, a cada tragada dela.
Culpa de um tal João Zimmermann, o cara que escreveu o maldito horóscopo que ela leu.
Se ele soubesse que matou o maior sonho dela, se suicidava.
Cintia arremessou a ponta do cigarro aceso, do outro lado da rua, após 15 minutos sozinha de pé ao lado de um poste.
Marca de batom vermelho na bituca e dos dentes, pois a cada novo pensamento cruel, ela mordia o filtro branco.
Seguiu como numa marcha violenta em direção a portaria.
Passou tão apressada que nem ouviu quando o porteiro disse que seu namorado já estava aí.
Nem precisava avisar, ela já sabia de tudo.
"O FDP trouxe a amante pra comer dizendo que era seu o Ap".
Cintia estava nas trevas! Subia a passos largos os degraus da escada.
Parou diante do corredor e ouviu que alguém, estava no chuveiro.
Marcos cantarolava feliz durante o banho.
"Tá feliz né canalha?! Comeu a ninfetinha loira em minha cama né!?"
Vertigens negras sussurravam em sua mente.
Cintia corre para porta e invade a casa como a "SWATT", sem chances de preparação ou camuflagem do ato.
A luz do quarto estava acesa, mas antes, ela passa na cozinha e pega uma faca.
Assustada, Milena (a loira) levanta-se da cadeira e abandona seu twitter escrevendo:
"Acho que alguém entrou aqui..."
Sem tempo de reflexo para esborçar uma defesa, Cintia penetra a faca na barriga da loira que estava saindo do quarto.
O grito estalado de dor e medo de Milena, fez Marcos tremer no chuveiro, que sai molhado de desespero.
Cintia devorava a loira com vários golpes, rasgando e manchando sua blusa amarela de sangue e carne.
"Nãooooo...!"
Marcos nu, grita aos prantos, ao ver Milena ensanguentada no chão e Cintia labendo os lábios de sangue.
"Você ficou louca Cintia??!!"
Marcos agachado tenta socorrer algo já morto, enquanto Cintia o esfaqueava entre as costelas.
Sem acreditar que sua amada estava alucinada, possuída e com desejos de prazer no olhar, a cada vez que sentia a faca perfurando seu corpo.
Estirado numa enorme poça de sangue, Marcos perguntou para Cintia num olhar quase perdido:
"Por que?"
Cintia está presa há dois anos e Marcos morreu sem saber porque o amor da sua vida, matou ele justamente no dia que comemoravam um mês de namoro.
Mas, com toda certeza, sua maior dúvida sempre será, porque ela matou a Milena, que foi lá para comemorar com eles e para conhecer pessoalmente sua nova cunhada.
Ou seria assassina?

A.A


Um painel de verdades para quem contar mentiras
Era posto sobre a mesa o prato mais cheio de olhares
Gatos miavam, rosnavam e roçavam pelas pernas alheias
Um banquete de realidade
Uma mesa e seis cadeiras
Uma taça e dois vinhos
A senhora de óculos sorria uma tímida vontade de falar
E falou:
Não quero apenas salivas, quero sentir os ossos da galinha quebrando entre seus dentes!
Num piscar de olhos o moleque de macacão verde, olhos verdes e cabelos loiro
Estripava a ave, Maria sua irmã, corria em direção ao pai
Que já engolia a farofa, enquando sua esposa comia salada de alface
Embriagado por beber os vinhos, Pedro sorriu sem acreditar
Subia na mesa, tirou a roupa e gritou feito um louco:
"Essa é a minha realidade! Meu banquete que sonho quando estou bêbado!"


quinta-feira, 12 de julho de 2012

Um passado no futuro


Estava tão longe do meu passado, que nem lembrava mais o que vivi, até aquela terça-feira chuvosa.
Era uma terça fria de feriado. Levantei tarde e preferi tomar café na padaria há duas quadras de casa.
Uma manhã deserta, quase improvável encontrar pessoas na rua.
Ando lentamente olhando o silêncio da cidade, observando o sol tímido por trás das nuvens, o velho dançar dos galhos das árvores.
Sinto o cheiro da terra no ar, misturado ao tilintar dos copos americanos, mexendo o açucar no café preto no balcão da padaria.
Pedi um pão na chapa, um café pingado e me distraí com um telejornal qualquer, que passava naquela velha TV dos anos 80.
Entre tosses e velhas conversas dos senhores grisalhos, ela aparece. Trazendo aquele frio de outrora para dentro de mim, me deixando paralizado e confuso naquele momento.
Ela não me reconheceu quando sentou-se ao meu lado do balcão.
O que significava aquilo? Qual sentido tinha justamente numa manhã fria, ela resurgir como um fantasma em meu caminho?
Não havia como evitar o "oi", e assim começou o giro cósmico das galáxias, numa simples conversa na padaria:
- Oi! Lembra de mim?
De repente aqueles belos olhos cor de mel, fixaram-se em mim:
- Oii..! Lembro sim! Porque você sumiu?
Era inacreditável imaginar, que numa simples terça-feira chuvosa e fria, meu passado voltaria.

Sonhei


Era ela...
Aquela leve mulher repleta de menina
Morena clara, olhos vivos e negros
Cabelo liso, castanhos claro
Pele cor de verão...
Desfilava entre os corredores do prédio
Impossível não notá-la!
Com aquele teu vestido de flores
Um sorriso leve
Gestos delicados...
Eu estava acordado, quando ela passou por mim
Exibindo suas coxas, suas curvas
Quando ela parou...
Com uma mão no quadril e outra com unhas pintadas de vermelho sangue
Tocou a minha face e uma voz de algodão doce surgiu:
- Vai ficar me admirando ou vai me beijar sem fim?
Era ela...
A mulher repleta de menina
Que silenciou a festa
Me levou embora
E ao acordar sozinho
No edredon sem ela
Meu celular vibrou...
Uma mensagem e uma foto:
- Foi bom te conhecer. A foto é pra você não imaginar que foi tudo um sonho.
E pra lembrar também de mim...
Do sorriso leve
Gestos delicados
Pele de verão
E meu vestido de flores...
Hoje a noite te ligo
Para trocarmos sabores!
Quem era ela, eu não sei...
Talvez, só a noite saberei
Se foi um sonho que sonhei.

Menina do tempo

Ela sempre repetia os mesmos hábitos nessa estação
Descia a escadaria e adormecia sobre um dos degraus
Vestida de roxo, fria e tão clara, a sua branca pele
Esperava o beijo morno da primavera, mas, somente se erguia no verão
Onde encontrava o real gosto da paixão e vivia o resto
O outono, saboreando o amor das estações...
Sua pele esfria... Ele se foi...
Retornou o grande inverno. O frio e a solidão
Ela e seus hábitos...
Um amor tão pálido, alimentava seu coração.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Prontos para uma nova viagem?


Olá a todos os visitantes do Nuts Inerte.
Passei um bom tempo fora e deixei meu quintal moderno abandonado
Quero avisar que em breve estarei de volta com novos pensamentos loucos da minha inquieta(mente).
Espero rever todos por aqui novamente.
Paz e luz sempre!