domingo, 25 de novembro de 2012

Um rolé


Uma invenção cintilante da mente
Repleto de raios luminosos
Intensificando a vontade de caminhar
Numa tarde de sol encoberto pelo cinza das nuvens.
Domingo deserto.
Trânsito só na praia ou num bar
Vendo os jogos pra subir ou não rebaixar.
Todos meio que pensantes:
“Fim de ano chegando novamente.”
Fone no ouvido e tchau!
Foi dar um rolé ouvindo FM
Usando sua calça amassada, rasgada
Com costuras e remendos
Apenas uma peça do vestuário que ainda da pra usar.
Não se importando com isso, ele continuava a caminhar
Sem rastros de um destino
Sem trajetos
Sem ser definido por certo número de dados angulares.
Era nada mais que um respirar!
Era uma vez, um simples sair de casa.
Um passeio pelo vão do infinito...
Uma gota cristalina do ronco tempestuoso do céu cai
Molha sua face e mais gotas caem
Antigamente teríamos mais abrigos
Mas, na selva de pedras, quem salva são os pontos do transporte coletivo...
Das chuvas fortes das tardes desertas de domingo. 


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

No terminal


Foi um dia desses no D.I.A
Reencontrei a guria que nunca mais lembrei
Na verdade nos notamos
Eu já estava lá no sacrifício de se fazer desperdiçar
O precioso tempo em esperar um mísero coletivo
Mas a vida traz presentes num dia comum
Basta estar atento e observar
Um ônibus que não era o meu
Ela desceu chamando minha atenção
Cabelos longos e negros
Com um vestido de mar
Entre o branco e o azul
Desenhavam suas curvas
Nos seus braços os livros do cursinho ou da “facul”
Enquanto ela desfilava no meio de tantos outros seres
Foste a primeira a silenciar o tempo da espera
E a reconheci no primeiro olhar
No mirar dos olhos
No vácuo do flash do relembrar...
Sim! Nós nos conhecemos
De longe um sorriso preso de entusiasmo
Pela surpresa do dia
Ao se aproximar os olhos ficavam mais fixos, focados
Só existia uma direção
O abraço
Dois beijos no rosto
A troca do calor dos corpos
Uma breve conversa pra celebrar
O procurar saber em que bairro mora
E o me passa teu número
Durante os dígitos para salvar na agenda
A vida volta a andar
Os ônibus chegam para ambos
Hora da despedida e a melhor hora pra notar
Qual a intensidade do abraço
Que direção ela virá para os dois beijos no rosto
E qual temperatura agora estará o teu corpo
Tchau!
Ela me abraçou tão próxima, com uma das mãos em minha nuca
E sussurrou no meu ouvido:
- Me liga mesmo?
Afastou um pouco o rosto, me olhou nos olhos e aguardou minha resposta:
- Eu te ligo.
Passamos alguns segundos abraçados, até que ela sorriu
Deslizou a mão sobre meu pescoço
Me beijou apenas encostando os lábios
Fazendo cara de manhosa disse:
- Tenho que ir...
Foi seguindo a direção oposta a minha
Se afastava deixando o terminal vazio
Com seu balançar de onda rainha, subiu...
Num Augusto Franco/ Bugio.



sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A breve história de Paulinho


Paulinho nasceu e se espalhou por todos os cantos
Conheceu cidades e lugares
Fez amigos, amizades
Foi seguindo, foi vivendo
E descobriu o tal do amor
Conheceu, reconheceu e viveu
Por um breve tempo
Com a mulher da sua vida
Aquela que, um simples olhar já diz tudo
E o sorriso é um lar
Mas como é um jogo
Um sopro de vento do tempo
Paulinho foi arremessado para outras terras
Reconhecer cidades e lugares
Reconhecer amigos
Fazer novas amizades
Se embriagar em novo amor
E sem esperar a transformação do universo
Onde estrelas caem e reaparecem no mesmo fluxo
E nossas sementes germinam
O vendaval acontece, num dia de chuva
Lava a face da verdade nunca e jamais esquecida
Que sopra a brisa silenciosa de um noroeste
E a mística química das origens lógica dos corpos
Traz de longe um passado que olha o futuro
E Paulinho passa os dias rindo
Com a capacidade de tudo se encaixar
Porque ela vem caminhando lentamente
Surgindo silenciosamente
Aparecendo com um simples olhar que diz tudo
E sorrindo, me chamando pro lar.

Religião, fé, imaginação


Todas as coisas carregam, desde o surgimento, uma sombra
Que nos acompanha todo dia, imitando nossos passos
Com uma agilidade tamanha em ultrapassar os obstáculos
E a capacidade de desaparecer e surgir quando quer
Quantos anos mais vão demorar pra perceber
Que só precisamos da luz para carregar um
Ou mais de um de você?
O TUDO é crer?
O DUVIDAR é esperar pra ver.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Refeição


Tantas maneiras de dizer algo
Com tanta clareza
Mas a beleza que encanta
Não se sente realeza
E as palavras não atingem
Com tamanha firmeza
E ela vai embora
Sem provar da sobremesa.

Nós


É incrível quando parece
Que nós nos tornamos um
Um olhar fixo no outro
No carinho simples de contemplar
Dois corpos juntos na cama
Ouvindo o beijo falar.