sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Andróide

14 graus. É noite, sem som de açoite.
Barulho distante dos carros que passam.
Ação! Gritos ecoam no prédio ao lado.
Cães latem preocupados. Normal, são bichos.
O rádio vomita lixo. A TV serve apenas como um espelho negro.
O efeito é devastador da monotonia.
Esse caos infestante de silêncio.
Agonia e estresse.
O edredom cobre sua pele.
Ela que me ligou nesse sábado, esta virada de lado.
Não posso ver tua face enquanto dorme.
Soa o bip! Led amarelo.
Vou fumar um cigarro.
A fumaça vai incomodá-la.
É melhor acordá-la e fazer sexo.
O cigarro depois de uma transa é perfeito.
Foi-me dito isso.
Deito e me cubro.
- Seus pés estão frios! Ela reclama. Eu exclamo:
- Me esquenta?!
Ela sorri, entende e aceita.
Me encaixo, beijo e abraço.
Pele nua, lisa seda, me faço.
Me encosto na cabeceira da cama e agora faço fumaça.
No escuro apenas a luz da brasa.
Ela adormece sobre meu corpo.
Nas tuas costas só faltam asas.
Sim! Ela é um anjo!
Led vermelho. O bip de novo.
Esta tudo perto do fim.
Observo seu brinco de ouro enquanto mexo em seu cabelo.
Isso é belo, contemplar uma vida morta?
Será que alguém tem sentimentos reais por mim?
E ela! Me ama ou apenas me usa?
Quem vai saber! Vocês são estranhos demais.
Vocês esquecem momentos raros facilmente.
Eu não! Crio até pastas de arquivos temporários.
Três bips! Led vermelho piscando em alerta.
Agora já era! Vou desligar!
Tchau humanos! Seres esquisitos!
Até outro dia, quando ela quiser fantasia.
E carregar minha bateria.

Ensinamento

Era tão difícil acompanhar o teu silêncio
Mas, aprendi depois de ver com você, o sol nascer
Demorei pra entender porque os juros nas contas, não te importavam
Percebi que perdia tempo falando e você contemplando a lua
Não suportava aquele teu sorriso, como se aquele engarrafamento, não incomodasse
E flagrava as árvores, os pássaros, as flores retribuindo o sorriso
Perdi tanto tempo sem entender o seu amor, que me perdi
Te perdi e me apavorei quando entendi
Com o seu adeus de paz e luz
Saber viver era o seu único amor

domingo, 25 de setembro de 2011

Puta

Eram feitos de farsa, todas aquelas guloseimas que salivávamos todo dia. Desde o levantar, até o momento de sonhar.
Aquelas línguas que se tocavam perante os lábios. As juras das respirações ofegantes e após o gozo, as frases sempre encantadoras que supõem uma vida eterna.
Era fato que todas as lágrimas e soluços, eram apenas mais uma arte. Uma belíssima atuação teatral e corporal. E que corpo! Corpo no qual meu suor invadiu, sendo sugado com voracidade por sua pele, feito terra.
As vezes ingerido por sua própria língua, como um cão cumprimentando o seu dono. Mas, de que serviram tantas encenações, se no final, abriu a porta e me pôs para fora do mundo?
É difícil entender certas coisas relativas do amor. Tão difícil que não entendo seus SMS pedindo perdão, querendo falar, querendo me ouvir. Mendigando por um pouco de amor.
É ridículo o teu rastejar.
Abotoe tua blusa e não se ofereça assim!
Detesto quando você se faz de puta.

Caro Line

Eis assim que ela surge, com uma novidade sonora
E seus descritos devaneios me atraem
É impressionante essa pele dura para as palavras
Assim como é tão macia para as carícias
Era inevitável não te buscar nos dias
Foi me ganhando a cada ciência guardada da essência
Você pisa no chão que conheço
Respira o ar que me vejo
Mas, essa distância é como olhar para trás
E com seu novo truque da atração, ela revela
(Sobremesas vem sempre por último)
E ela com aquele sorriso atmosférico
Destruiu todas as barreiras da minha visão
Me fazendo ver e sentir, o amor à primeira vista
Caroline em tempos de time line
Me fez sorrir na essência

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

...

Agora ele caminhava só
Sem sol, sem farol, sem o brilho dos teus olhos
Andando em seu espaço inútil
Tomando distância dos sonhos e da voz
Perseguia a lua cheia. O ponto de referência
Um dia ela foi nossa, mas, agora só nos restam reticências

domingo, 18 de setembro de 2011

Simplesmente


Solta.
Tão solta que parece flutuar.
Batom leve nos lábios, corpo protegido do dia frio.
Simplesmente ela vê que eu a via.
Olhou tímida, mas, em seguida sorriu.
E disse tudo num único olhar:
"Hoje eu, sou eu! Estou mais amostra e bem mais fatal."
Não há como negar.

Silêncio

Escutar esses barulhos de agora
O som do calendário que o vento derrubou
E as batidas das janelas
Os enfeites pendurados, tocam o sino
E o barulho da força da chuva na terra
E com o sol o som da luz
Do canto dos pássaros
Do percorrer da água no encanamento
Passou-se mais um dia
A mistura da madrugada entre o sol e a lua
Entre o dia e a noite
Carros voltam a buzinar
Esse é o silêncio

Mergulhar

É dado o fim para um tal de sentimento
O melhor momento feito, pra quem gosta de fazer o quê!
Quem pensava nessa vida, se iludia
Pensavam que o futuro era coisa já garantida
E viu que não!
O tempo foi passando e foi nascendo esferas
Navegando entre mares da conexão
Aproveitou todo o momento
Povoa uma partícula, que veio dentro do seu ser.
Mergulhou pra sentir o que é estar!
Mergulhou pra sentir o que viveu!
E nesse indispensável esgotamento?
Esgotamento, mas, eu sei que a pele ainda se renova e vem pra ver!
Tudo que você deixou de lado
Bem no canto dos teus olhos, que ainda estão calados.
Mergulhou pra sentir o que é estar!
Mergulhou pra sentir o que viveu!

PS: Esse poema ou música, por esse mesmo motivo de dúvidas, porque ele "são" os dois!
Então "eles" entraram na nova categoria. Poesia sonora.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Perdi horas nesse tempo

Perdi horas nesse tempo, olhando o vazio
Gastei futuros vivendo ilusões
E tudo desaba junto com a verdade que cai com a máscara
Meu peito servido em porções
Teus lábios salivam, tua boca devoram-no com prazer
Sem saber que foi você que me feriu
Perdi a vida por sonhar ilusões
Perdi meu tempo sem provar o futuro
Meus cabelos brancos não foram amados, por uma amada sincera
Minha alma nem sabe o que é ser amada
Pois, cada uma das suas palavras, dissolveram como ácido.
Evaporaram...
E toda aquela imagem do que eu pensava ser o amor, se foi com o vento frio que deixou minha dor de garganta e uma forma de sofrer calado.

domingo, 11 de setembro de 2011

Pedaços de amor

Passo o futuro em tuas mãos
Provando o gosto único
Lendo teu corpo
Ouvindo sua voz
Cansando meus olhos de te ver
Contemplando cada sorriso seu
Me alimentando do teu toque
Sobrevivendo por você
O difícil é você conseguir entender
Essa razão absurda do meu ser
O plural de me dividir pra você
Pois, só assim, nesse amor brutal
São as partículas de mim
Que conseguem impregnar no teu ser

Vivo

Aqueles desenhos seus feito de nuvens, o que queriam dizer?
Diziam nada. Mostravam apenas a nossa cegueira absurda
Mas, porque tanto tempo perdido assim?
Deixamos de ver outras coisas a cada minuto que sentimos necessidades de coisas fúteis
Tento agora além de escrever, desenhar com água suja
É bem pratico tudo que não entendemos.
Pratico? Não consigo entender nada
E porque você chora?
Porque se obriga a tentar olhar meus rabiscos loucos?
São apenas devaneios meu bem
Devaneios que me mantém solto
E porque você busca sua liberdade?
Porque sei que estou vivo

Samba e feijão

Um samba de quintal feito para todos não entenderem aquela comemoração
A barriga gritando de fome e nós ali ao redor da panela
A pressão da espera, o feijão, a razão da nossa existência fugaz
A cachaça barata descendo quente na garganta dos risos sem dentes
Alegria fabricada pelo motivo mais covarde de fuga
Crianças descalças no meio da roda
Mulheres se oferecendo feito tira-gosto
Homens delicados e lentos pelo efeito
O cheiro toma conta do bairro
O samba aumenta cada vez mais
Os pratos vão surgindo, junto com os gritos da gandaia
O mês suado vai indo embora em poucos minutos
A noite vai se despindo, virando madrugada
O frio chega anunciando a segunda-feira
Hora de limpar toda sujeira, por ordem naquela bagunça
Crianças, mulheres e homens se olham, sem nem saber o seu samba
A festa humilde berrante que clamava por dignidade, não foi bem vista
O samba da inclusão, foi visto como sempre
Bando de pobres

Mais fácil

Lágrimas nos olhos
A desistência de tentar ver bem mais longe de tudo
No alto da montanha
É um ato de coragem nos notarmos e percebermos como somos tão pequenos
Apenas seres que trabalham sem bem saber o porque
Com as vistas cansadas nunca nos encontramos
Se fechar os olhos desse pra ver a gente por dentro, talvez entendêssemos que somos belas peças do mais simples jogo. Mas, é bem mais fácil derramar lágrimas e esperar que alguém nos socorra.

Outra vez

Caminhando livre pelo entender que você é apenas meu músculo
Asas que partiram no meu primeiro salto
Jogado no campo do mundo escuro da solidão, me vejo vela
Uma luz perdida ali, chorando sem saber bem o porque
A cada passo me assusto com as coisas que ilumino
Que mundo estranho é esse novo que vivo
Sem palavras, sem sons. Madrugada lembra isso
Vou construindo uma imensa floresta artificial
É o único artifício que tenho agora
Pois se você estiver apagada, será mais fácil de me ver
Quero te acender! Veja essas chamas quase falsas que produzi
Me busque asas. Me procure.
Quero saltar novamente.
Talvez meu vício seja apenas pra sentir a velocidade da queda outra vez

Indispensável

É indispensável aquele teu cheiro sempre doce
Indispensável assim como uma manhã silenciosa
Nuvens conversando com o ar
Flores dançando com o vento
É indispensável teu sorriso solto
Indispensável assim como meu viver
De noites longas te procurando em sonhos
Sonhos que não vem me visitar
Onde você dorme agora?
Qual a sua freqüência?
Preciso saber o teu mapa, te achar pela tarde vazia
É indispensável para mim saber que ainda respiras
Aquele indispensável sentimento que foi de nós dois