sábado, 30 de abril de 2011

Sem...

O destino as vezes me diz as coisas mais estranhas possíveis
Não me deixo com o tempo, não suporto
Esse rumo eu não aceito, vou virar na próxima esquina
Não quero mais ouvir essas palavras
Sem querer, eu te quero bem
Mas, sem julgar ou difamar
O meu amor é algo único
Mas, chega de esperar
Vou remar contra a maré
Vou com o vento pra secar
O que molhou, o que esqueceu
Vou me procurar no espelho
Sem palavras estranhas e possíveis “is”
Sem o medo de querer saber se é você ou se sou só
Vou viver estranhamente sem destino
Sem me preocupar com o tempo
Sem querer e te querendo
Sem olhar seu dedo a me apontar
Viver sem saber o que esperar
Viver no fundo
Até você realmente me chamar para o mundo
E acreditar me amar

sexta-feira, 29 de abril de 2011

As escolhas

Rafael e Sidnei, dois amigos de infância encontram-se na orla casualmente:
- Não acredito que é você! Grande Rafa!
- Grande Sidnei! Quanto tempo meu amigo!
- Não Rafael! Já foi algo extraordinário te encontrar aqui na praia, mas, o mais impressionante é te ver aqui e sozinho!
- Deixa adivinhar...  Separou da Júlia?
- Chegou até perto Sidnei! Mas, na verdade brigamos, por isso estou aqui.
- Ainda deixa ela comandar tudo cara! Sai dessa Rafa!
- Não é deixar comandar meu amigo. É que a Júlia desde que nos conhecemos, tem seus sonhos e seus planos sobre como deveríamos seguir nossa vida de casal. Já que eu nunca planejei nada em relação a isso, nada mais justo que sonhar e seguir junto os planos dela.
- Ah Rafael, dá um tempo né! E seus sonhos e planos, onde ficam?
- Você começou sua vida de jornalista junto comigo cara e era pra você hoje estar no meu lugar.
- Eu sei Sidnei. Eu sei.
- Porra cara! Tu abriu mão e deixou de ser promovido como jornalista e comentarista internacional por causa do seu casamento. Olha só que cagada que tu fez cara.
- Você queria que eu fizesse o que Sidnei? Que ficasse casado morando a quilômetros de distância da minha mulher e só vê-la de dois em dois anos? Era isso que queria?
- Calma cara! Tá muito nervoso, só estou comentando!
- Porra Sidnei! Acabei de ter uma briga feia com minha mulher e tu me aparece depois de dois anos pra me falar bobagens.
- Calma meu amigo! Só queria te mostrar o outro lado, o lado que você mesmo abriu mão. Olha ao seu redor Rafa. Olha quantas deusas seminuas na areia! Tu é novo cara e além dessas deusas aí de bobeira, tu ainda tem chance de conseguir chegar ao cargo que cheguei e poder viajar o mundo comendo deusas seminuas de outros países cara.
- Pensa nisso Rafael! Pensa cara! Você só casou com a Júlia e ainda não tem filhos, aproveita a deixa da briga e vai viver teus sonhos.
- Porra Sidnei! Não sei se foi boa coisa te reencontrar não cara! To mal por ter brigado com minha mulher e tu me vem pra me por no chão de vez.
- Ah Rafael! Vai fazer ceninha que está mal por ter discutido com a Júlia? Ah, pára cara!
- Caralho Sidnei! Eu posso me sentir mal?! Eu briguei com minha esposa, a mulher que amo, estou mal sim cara!
- Tá bom meu amigo, deleta tudo que eu disse. Vamos tomar uma breja e conversar sobre outras coisas.
- Ufa! Agora sim fez o papel de um amigo.
Anos depois, em pleno centro da cidade os dois amigos se reencontram novamente:
- Sidnei!?
- Rafael meu grande amigo!
(Abraços)
- Nossa cara quanto tempo!
- Pois é! Acho que uns dez anos desde aquela última conversa que tivemos na praia lembra?
- Como não! Você só faltou me bater por estar chateado por conta da briga com a Júlia. Por falar nela, como ela ta?
- Ela está ótima! Deixa mostrar uma foto da gente.
- Quem são essas crianças?
- Nossos filhos! Esse é o Pedro. Esse o Lucas e essa é a Clara.
- São lindos meu amigo! E a Júlia bonita como sempre.
- Pois é! Como sempre linda e a cada dia descubro que ela é a melhor mulher do mundo!
- Tenho inveja de você meu grande amigo! Mas, uma inveja saudável, lógico! (riso)
- Olha pra mim... Viajo o mundo inteiro e não tenho nada e ninguém pra compartilhar. Você fez a escolha certa Rafa! Você tem uma história, você tem uma família!
(Silêncio)
- Tenho que ir Rafa! Tenho uma reunião importante e já estou atrasado.
- Ok meu amigo! A gente se encontra por aí.
- Tchau Rafa! Bom te ver mesmo!
- Até Sidnei!
Rafael segue em direção ao escritório olhando sua aliança prateada e Sidnei, segue pela avenida, do seu jeito. Sempre do seu jeito.
- Olá garotas! Prazer! Me chamo Sidnei. Vocês trabalham por aqui por perto?

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Do viver

Um silêncio ensurdecedor e lá pelas 2:34 da manhã, soa o telefone
Ele acorda, abre os olhos e levanta sutilmente
Sai do quarto e vai até a sala em direção do aparelho gritante:
- Alô!
- Oi príncipe! Te acordei?
Príncipe! Aquela expressão era meio familiar
De repente uma queda livre no abismo das lembranças
Era uma ex-namorada de 1998, que estava ali ao fone
Meio surpreso, ele tenta tirar sua dúvida:
- Oi! É a...
- Isso mesmo! Sou eu, sua princesa! Surpreso?
- Nossa! E como! Como conseguiu meu número?
- Ah querido, mulheres dão um jeito para tudo! (risos)
- É! Eu bem sei disso
- Porque sumiu?
- Como assim porque sumi? Você bem sabe como tudo aconteceu
- Não, príncipe, não sei não
- Tá me tirando? Tu sabe que a vida foi tomando seu rumo
- Dá última vez que nos falamos, tu mesma disse que tava namorando e tudo mais
- Ah ta! Falei, mas, e o que tem haver isso?
- Como assim o que tem haver? Estávamos distantes há um ano. Apenas conversávamos durante esse tempo. Não rolava mais nada, esqueceu?
- Aliás, foi você mesma que falou que não dava certo com a distância
- É... Falei. Mas, agora estou aqui falando com você príncipe e tenho novas!
- Novas? Depois de 7 anos?
- Isso mesmo! As outras coisas te conto pessoalmente, mas, quero lhe informar que estou indo prestar um concurso aí na sua city cara. Vamos nos ver príncipe!
- Como assim vamos nos ver?
- Quando estiver perto do dia da viagem te ligarei e passarei todos os dados de onde ficarei hospedada e tu vai me ver. Aliás, vai dormir comigo e sair pra me apresentar a tua cidade, que tal?
Um barulho suspeito vem do seu quarto e ele tenta acabar logo com aquele papo comprometedor
- Tá ok! Então, quando estiver perto tu me liga e veremos como fazer ok? Agora vou desligar. Amanhã levanto cedo pra trabalhar
- Tá bom príncipe. Que bom ouvir tua voz novamente
- Digo o mesmo, mas, ainda estou meio surpreso. Quem sabe não estou sonhando
- (Risos) Sonhando nada. Você verá que isso é real quando estiver deitada comigo
- Tá certo! Veremos então. Beijo!
- Beijo príncipe. Até mais
- Até
Ele desliga o telefone e volta para quarto em passos apressados
- Que aconteceu amor? Quem era no telefone?
- Ninguém querida! Ligaram errado! Volte a dormir
- Deita aqui do meu ladinho amor
- Já estou indo
- Nossa amor! Teu coração ta acelerado. Aconteceu alguma coisa e tu não quer me falar?
- Não foi nada amor, só fiquei assustado com a ligação há essa hora. Já levantei pensando que fosse alguma coisa séria
- Ai amor, tadinho! Vem aqui que te faço relaxar um pouquinho

sábado, 23 de abril de 2011

Meu amigo e adversário

Tentei escrever, expressar algo que sentia
Nenhuma idéia, nenhuma palavra saía
Em meio ao desespero, acendi um pensativo
Fui soltar fumaça pela janela
Eis que me surpreendo com as 26 letras do alfabeto
Contando com as novas K, Y e W
Conversando no jardim do condomínio
Filhas da puta!
E eu aqui sem expor meus sentimentos
Num surto compulsivo de raiva, desci atrás delas
As novatas me avistaram primeiro
E como um grupo de saqueadores famintos, correram
E eu como um semi-atleta, um amante da poética, também
Corremos, mas, na fúria da escrita, corri mais
Já a um passo de apanhá-las, me deixaram para trás
Como uma máquina, aumentaram a velocidade
Era um Aurélio em sua qualidade de veloz
Com definições de rapidez
E o sinônimo de fugaz
Nessa aula prática e teórica, me defino cansado
Desisto delas e volto para o meu quarto
Passei a noite chateado
Não escrevi nada para dizer que te amo
Quem sabe amanhã, se o abecedário não fugir
Eu consiga definir o quanto é necessário
Te amar sem dizer o contrário

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Para ela

Ela esta ali a alguns quilômetros de uma viagem
De avião ou de ônibus
Ou até mesmo de graça
A minha caça permanente
É ela agora e anteriormente
Do meu passado de antigamente
E desse momento recente
Tal como desse futuro improvável
Que faço presente
Ela nunca se vai, não se desfaz
É a insônia dos sonhos acumulados
Dos devaneios dos separados
O maior espetáculo
O segundo ato
Minha cena, minha sina
Mas, quando estou ao tato, abaixam as cortinas
Ela me faz de ausente
Se finge ou se sente
Não sei qual a margem
Mas, na calçada dos passos, encontro a saída
Quanto custa a passagem?
Estou de partida

terça-feira, 19 de abril de 2011

Seu João - *Cotidiano

 *Antes de postar esse texto, quero explicar sobre esse espaço que criarei dentro do blog, sobre as coisas que acontecem no dia-a-dia. Mais precisamente no meu dia-a-dia. Essa sessão será intitulada “Cotidiano”. Sem mais delongas, vamos ao texto, ou melhor, ao fato.

Hoje lá pelas 10 da manhã, entra no escritório da empresa onde trabalho, um conhecido do meu patrão. Um senhor simples e humilde, com seus 50 a 60 anos de idade, chamado João.
Estava meio chateado com um mal entendido que ocorrerá com ele e um amigo. Entre tantos assuntos, que para a grande maioria das pessoas, eram coisas de um velho semianalfabeto. Eis que surge o assunto mais hilário do meu dia e o mais poético também. Seu João começa a contar a história de um tal de Jorge, amigo dele.
- O Jorge sempre foi aquele cara metido. Sempre quis parecer alguém importante.
Eu não sei como as pessoas conseguem ser dessa forma. O irmão precisando pagar uma divida e o Jorge tendo dinheiro, não emprestou! Eu disse pra ele:
- A minha família não é assim não Jorge. Toda vez que a família se junta pra almoçar na casa de mainha, somos nós que compramos tudo e preparamos o almoço. Nada de se encostar.
Jorge respondeu:
- Aí é problema de vocês! Na minha família é cada um com seus problemas. Mainha convidou pra família almoçar lá, ela que se vire pra por o que comer na mesa pra tanta gente.
Seu João tranquilo, simples e humilde filosofou:
- Agora repare como um cara desse pode ser assim! O Jorge sempre disse que não queria se meter com pobre, mas, hoje é secretário da pobreza! Trabalha todos os dias com pobre! Abrindo porta pra pobre, dando bom dia pra pobre, apertando a mão de pobre.
Isso é pra ele pagar a língua e deixar de ser besta, porque a vida sempre acaba nos levando para algum lugar que não queremos.

PS: O senhor tem toda razão seu João.

Integridade

Me traz um litro de incapacidade
Quero fazer parte da hostilidade
Ser mais um fantasma nessa cidade
Quero sentir o peso da cruz
Então, corre atrás
Preciso de uma droga voraz
Que me entorpeça
Que me deixe mudo
Que me deixe surdo
Quero fazer parte desse medíocre mundo
E deixar de amar demais

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Assim...

Passos solitários pela avenida
Aquela moça sorrindo
O caos sufocante da hora do rush
Aquela moça sorrindo
Palavras ofensivas, a hostilidade do mundo
Aquela moça sorrindo
Aquela moça diariamente só e sorrindo
Aquela moça, toda manhã sorri para o espelho que refletia
Assim que se começa o dia

domingo, 17 de abril de 2011

Mais que nada

Todos me abandonaram
Todos disseram adeus
Estou solitário
Mas, que hilário
Sem companhia, sem companheira
Somente o nada, algo tão vasto
Olhando agora eu percebo
Com o nada tenho mais espaço

Bebês

Localizaram os dedos sujos de tinta
Quem enviara a tal mensagem subliminar
Aquelas frases curtas de vida
Rabiscadas de cor
Entre povos distintos, uma única reação
Lágrimas, lágrimas e lágrimas
Era inacreditável aceitar aquele pedido
Era inacreditável ver que causamos tal pedido
Algemados chegavam um a um os infratores
Cada um com guache nos pequeninos dedos
Pessoas ajoelhadas em prece profunda
Pediam perdão a cada um deles
O que fizemos do mundo?
O que fizemos de nós?
Pequenos seres bêbados e revoltados
Grafitaram toda a cidade com um único pedido:
Salvem-nos!
Um rapaz aos prantos reconhece aquele bandido:
- Meu Deus! É o meu filho!

Recomeçar...

Palavra as vezes assustadora, por hora, estimulante.
Quem saberá dizer o que nos reserva nesta palavra?
Tantas coisas poderão surgir dela. Uma lágrima, um sorriso, um sonho adormecido ou simplesmente algo tão novo.
Eis que me encontro em pleno recomeço!
Por onde seguir? Não faço a mínima idéia!
As vezes é tão difícil dar o primeiro passo.
 Tá tudo ali vivido, pré-montado, quase que concluído e de repente, “boom”!
Você se vê só ao redor dos escombros. Nada mais além de você.
Sentado nesse chão úmido, imaginando qual peça montar primeiro.
Aprisionado ao passado tão presente e tão presente do futuro.
Então, começo.
Com um pedaço de amor que me restará de uma vida a dois acabada.
Afasto o entulho e abro espaço nesse chão sujo. E com essa migalha de alegria rabisco sobre a terra, meus planos futuros.
Um futuro repleto de passado. Passado renovado, do jeito que quero e que querem.
Dou então meu primeiro passo, sem medo, pois, sei quem me espera e o que sou no mundo.
Eu e minhas velhas escritas, poesias do absurdo.