quinta-feira, 12 de julho de 2012

Um passado no futuro


Estava tão longe do meu passado, que nem lembrava mais o que vivi, até aquela terça-feira chuvosa.
Era uma terça fria de feriado. Levantei tarde e preferi tomar café na padaria há duas quadras de casa.
Uma manhã deserta, quase improvável encontrar pessoas na rua.
Ando lentamente olhando o silêncio da cidade, observando o sol tímido por trás das nuvens, o velho dançar dos galhos das árvores.
Sinto o cheiro da terra no ar, misturado ao tilintar dos copos americanos, mexendo o açucar no café preto no balcão da padaria.
Pedi um pão na chapa, um café pingado e me distraí com um telejornal qualquer, que passava naquela velha TV dos anos 80.
Entre tosses e velhas conversas dos senhores grisalhos, ela aparece. Trazendo aquele frio de outrora para dentro de mim, me deixando paralizado e confuso naquele momento.
Ela não me reconheceu quando sentou-se ao meu lado do balcão.
O que significava aquilo? Qual sentido tinha justamente numa manhã fria, ela resurgir como um fantasma em meu caminho?
Não havia como evitar o "oi", e assim começou o giro cósmico das galáxias, numa simples conversa na padaria:
- Oi! Lembra de mim?
De repente aqueles belos olhos cor de mel, fixaram-se em mim:
- Oii..! Lembro sim! Porque você sumiu?
Era inacreditável imaginar, que numa simples terça-feira chuvosa e fria, meu passado voltaria.

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