domingo, 26 de fevereiro de 2012

Flashback

Foi esperada por teus olhos a palavra mais simples
Aquilo que se via sempre, mas nunca sentia
Era dia quando tudo foi chorado
Era noite quando aconteceram as despedidas
Foi na chuva que tudo foi embora
Entre as lágrimas de todos
O chão absorveu a água
Levando a morte da paixão
Todo ano
Todo mês
Todo fim de carnaval
Uma solidão que fala sozinha
Um colchão que te acolhe
Num sonho de um pesadelo real
Fim de festas
Fecham as portas da inocência
A vida dança o som tribal
A tribo se solta
A caçada está reaberta
Com palavras e rosas
Caçamos amores
Para observarmos morrer
Em odores dos corpos
Os sabores de nós.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Quem é o louco?

E eu sou o louco, por não aceitar essa vida do jeito que nos impõem a vivê-la.
Vejo todos os dias pessoas fazendo as mesmas coisas.
Qual a graça nisso?
Existem livros, mas tem gente vendo novela.
Existem outras músicas, mas, tem gente na mesma estação de rádio.
Existem outras rotas, mas, tem gente pisando no mesmo rastro de sempre.
Fazendo sempre o mesmo caminho.
Prefiro ser louco!
Dessa forma, toda vez que volto pra casa, encontro, nem que seja um monte de lixo que não existia ontem, na calçada.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Carnaval

Explodiu a bomba da alegria
Máscaras e confetes
Todos coloridos em transe
Ruas de mijo, cheiros, batons
Tambores estremecem ouvidos
Delírios não contidos
Soltam-se os segredos
Desejos de bocas
Desejos de lábios
Suor que escorre no corpo
Tempero da fome
Um olho na vítima
Um olho pra crítica
Assalto, amasso
Mãos ao alto
Saias pra cima
Corpos que tremem
Corpos que gemem
É carnaval
Vale morrer
Para viver
Pode tudo
Pode pedir
Aqui se faz alegria em quatro dias
No beco de 4
Na quarta de cinzas
Na quarta camada
No quarto com a amada

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Adios

E lá estava ela, pintando quadros de negro
Deixando pratos na mesa da sala onde estar
Em suas roupas um pouco de corpo
Saindo à porta um vulto de sopro
Beijos nas prateleiras
Amor em potes de conservas
Dentro da pálida geladeira
Corações em cubos de gelo
Refrescavam a bebida amarga de vida
Ensina-me há esquecer as horas
Tira-me a rotina do agora
Saudades em sacolas plásticas
Não se desintegram da memória.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Drive-in

Um big dia feliz
Dois meninos de rua
Brincavam de desviar da água
Do regador do jardim
Do McDonald’s

Já é!

Se tem sol é dia
Se é dia é cedo
Se for tarde, é tarde
Se for noite, é medo
Estrelas e lua
Passos em segredos
Vou por essa rua
Já é tarde mesmo.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Salve!



Uma festa, um show, um jantar
Ou um simples passeio na rua
Elas são todas iguais
Sendo tão diferentes
A preparação após o banho começa
Correria, uma pitada de estresse
Impaciência, não pode faltar
Lá estão elas, diante do espelho
Seus kits por perto
Composições semelhantes
Blush, batom, sombras e lápis
Um perfume suave
Um anel e um colar
Como estou?
Minha resposta é um intenso sorriso
Ao ritual de beleza feminino
O improviso preciso de uma mensagem de aviso:
Perigo de vestido.

Massage with tongue

Ela sentiu a úmidez que brotava da boca
Faxina de água morna
Lavagem da porta
Primeiro contato com seu corpo
Tão claro
Teus olhos
Sorriso
A grande expedição
Fascinação
A língua viva e não viperina
Cativara teu segredo
Teus gemidos percebidos
Já não existe medo
Era hora de perder as horas
Pode morder o travesseiro
Crave as unhas no colchão
Esqueça o “tic tac” dos ponteiros
Deixe vazar
Transbordar o seu mar
E após te degustar
Quero teus lábios
Avermelhados
Gelados
Crescidos 

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Um virtual

Daniele Hushgan.
Conhecida popularmente, no universo imposto
Por Dany.
Dany, loira, linda, boca carnuda, traços de boneca
De porcelana.
A Ana foi a primeira a curtir.
Em seguida veio o comentário da Rita:
“Um arraso!! Linda!!”
Depois veio o da Mariana:
“Que gatona!”
Depois de uns milhares de comentários
A senhorita Hushgan, sai do banho
Senta como a Dany e agradece:
“Obrigado pelos elogios! Vocês que são lindas!”
E assim passavam-se os dias da Dany
Abastecida de links
Esquecida da vida
Sem noticiários
Ficou desprevenida
Uma semana sem energia no bairro
Tudo alagado
A Daniele Hushgan chorava
Não tinha mais Dany
Nem se quer uma saída
Um resquício comentário
Sem energia, uma semana passou
Dany alucinada, agoniada
Suicidou-se.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Realismo das artes

De pintura no quarto ainda escuro
Pincéis rodavam as paredes ainda sem sentido
Observando o olho atento que torcia um amarelo
De cinza caiu em pó o sorriso da menina
Que não gostou do tom avermelhado nos cantos
Trouxeram um branco e deixaram algumas fileiras do preto
Tudo pronto, tudo feito
Agora a menina lava as mãos sujas de um arco-íris de guache
Hora do lanche na creche Pintando o 7
Quem sabe um dia ela tenha um quarto decente.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Ela sambou no mundo

Olá a todos que acompanham, seguem ou visitam meu blog.
Vou começar uma nova série chamada “Nuts e os sons”.
Será posts com letras de músicas que compus e um resumo sobre a forma de composição, idéias ou histórias que fizeram surgir determinada canção.

Bom! Vou começar falando de uma canção que tenho bastante carinho, pois, foi ela que me levou a participar do meu 1° festival de música. Cheguei até a final e sai em 5° lugar, entre tanta gente já conhecida.
Com essa música, pude entrar em um estúdio profissional e gravá-la, com banda e tudo.
Essa letra eu fiz meio que sem muita pretensão. Na época escrevi pensando em uma grande amiga da Bahia, que estava em depressão. Fiz uma música pra levantá-la, para sair desse baixo astral e consequentemente estavam abertas as inscrições para o festival e só podiam músicas inéditas e a única que tinha no momento era essa.
Confesso que tentei escrever mais um pouco, mas, nada na pressão funciona comigo. Inscrevi a música do jeito que tava e assim um grande sonho meu se realizou.
Sempre quis ter uma, apenas uma música, gravada com toda qualidade possível.
Sem dúvidas, uma das minhas maiores conquistas.

Ela sambou, pela noite e o dia
Tendo como platéia o céu
O sol, as estrelas e a lua
Te reconheço no brilho do olhar
O sorriso maroto que tens e que dá
No samba, no samba
Se ela sambar de novo, me chame
Que eu quero vê-la, quero te olhar
No mundo não há beleza igual
(Ela sambou no mundo – Thiago Nuts) 

Quem quiser ouvir, segue o link:

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Pecado é não te querer

Pecado é ela que provoca
No apresentar-se
Na flexibilidade de cruzar as pernas
Deixando as coxas amostra
Em seu vestido preto
Pecado ela arruma
Quando vai a tua casa
Falar com a tua esposa
Grande amiga de infância
E te cumprimenta com olhar profundo
Pecado é ela que te faz a idéia
Chama atenção sem querer ser notada
Te chama pro assunto
Vocês são o assunto
E tudo mais que combina
Aí vem o beliscão, cara feia, fim de festa
Fica esperto malandro, tua mulher ta de olho.

A ciência do ser

Tantas capacidades humanas
A ciência de se reinventar
Clones, vidas virtuais
Naves, aviões
Cálculos da física
Mística da fé
A formação do sorriso
O nascimento da lágrima
Amor em tempo de flores
Amor, apenas amores
Um imã
A solidão
Mãos e asas
Vivem o mesmo mistério
De muita certeza
Entre tantos enganos
Me pego olhando para o espelho
Contando os cabelos brancos

Subestimado

Submergiu em silêncio
Na noite
Em estado submerso
Ficou
Os gritos do submundo
Calou
As fomes do sub- imundo
Parou
As regras de beleza subnutrido
Cegou
Todos de preto, no subsolo
Enterraram o amor.