terça-feira, 29 de outubro de 2013

Oposto que atrai


Uma rosa abstrata
Que se fere com os próprios espinhos
Mas, só pra alguém que desabafa
E adormece como um anjo
Pedindo apenas:
“Me abraça!”

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

O burro


Ela tentou de tudo!
Mergulhou no seu mundo
Entregou-se completamente
Pobre e inocente
Respirou sua vida
O dia a dia 
E ainda assim não entendia
Porque ele não a notava como deveria
Ela estava ali sempre
Entre lágrimas e sorrisos
Sendo rejeitada 
Como um nada
Ela sofria
Calada
Ele
Voltava
Ela
Deixava
E tudo se repetia...
E ela ainda assim não entendia:
“Porque ele não muda?”
Quando a pessoa é cega
Nem o amor ajuda.


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

A cura


Ele sabia que aqueles cabelos cor de abóbora não iriam durar tanto
É a lei da natureza. Eles iriam seguir a moda
Novas tendências, cores, cortes
Cabelos coloridos em cucas novas, sempre seguem o fluxo de gente
E mesmo assim ele quis arriscar
Aproveitaram todo momento
Viveram anos em dias
Noites e madrugadas
Uma união tão sincronizada
Que todos achavam que nada abalava
Até que o previsto aconteceu
Os cabelos agora eram negros
As carícias já não mais existiam
Os sorrisos eram sempre amarelos
Era o casal mais triste de ver
Ele não terminava, porque a amava
E ela não acabava porque sabia que não existiria amor igual no mundo
Os dias seguiam sem propósito
Até que num dia qualquer de sol na praia
Ele falou o que ela queria ouvir
E terminou assim
Ele seguindo o caminho de sempre como se nada tivesse acontecido
E ela vivendo os dias alucinógenos
Sabendo que sua única cura, acabará de deixar.


terça-feira, 22 de outubro de 2013

Adeus você


Novos passos agora se distanciam 
Com outro tom de pele
A face ainda mais perdida
Vai se destruindo por dentro
E as imaginações unem-se com as ilusões
Perdidos no tempo sol
Na vertigem primária inocente
Quando não há mais tempo
Para quem já é gente.

Manequim


Aquele olhar estava ali novamente
Aproximava-se lentamente
Fingia não ver
Quis tentar se esconder
Mas de nada adiantou
Foi ali 
Naquela vitrine
Que o reflexo fez
Os olhos veem
O que a solidão deixou.



Sina


A razão se perdeu na noção
Tão clara como um raio na escuridão
Totalmente solitária entre becos  
Com cheiro de mijo de crianças limpas
Paredes grafitadas por algum primata
Baratas voadoras e moscas varejeiras 
Bocejavam a graça humana em outdoor
Paisagens onde nenhuma flor habitava
Apenas insistiam, nasciam...
Mas sempre alguém pisava.


Embriaguez


Para ela não havia beleza, sem um pouco de tristeza
Ela sempre dizia: 
“A perfeição é a união dos contra pontos”
Essa era a medida exata de tudo
Um punhado de felicidade e de dor
É dessa mistura que surge o amor e as divindades que nele contém
Paixões e mistérios
O gostar sem saber
O pensamento nos momentos vãos
Os delírios da incerteza...
É essa beleza abstrata, mutante e psicodélica que buscamos
Um mergulho por dentro do nosso corpo
A efervescência 
O transporte do nada
A queda livre no infinito
Esse mar sem fim
O amar...
E foi assim, aos poucos
Na justa medida do tempo
Que fui degustando essa bebida doce amarga nesse copo 
Às vezes tão cheio de bobagem, que qualquer minissaia me embriaga.

Beijo


Não existiam mais palavras para se usar naquele momento
Eram apenas gestos
Breves olhares
Passos tímidos
Sentimentos
Um salto de línguas no universo escuro e silencioso
Onde duas almas se devoram
Crentes que não podem ser vistas.

domingo, 20 de outubro de 2013

Contami(n)ação


A vida se contaminou de indisciplinas 
Foi perdendo todo seu encanto
Transformando-se em lamento
Vivemos um momento cruel
Para os sentimentos e para os olhos
Frutas nascendo podres
Rebolando até o chão
Crianças em desenvolvimento
Com as narinas sujas de pó
Um mundo vivendo de pedras
Que não constroem 
É triste ver os seres humanos entrando no buraco...
Sorrindo.


Louca


Ela é louca!
Mas entre a neblina e a boca
Viajamos, eu e a moça
Num culto rastáfari
Na liberdade
Ao som de um reggae de raiz.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Em vão


Ela esperava apenas um simples sinal
Não importava de que forma viria
Pessoalmente, por mensagem
Pela internet, por telefone
Até por outra pessoa
Não importava, mas nunca vinha
Ela queria ter certeza
Ela o amava
Ela então esperava...
Pobre moça
Não percebeu que ele nem dá importância
Vive um amor solitário de ignorância
Perdendo seu valioso tempo
Com as mesmas circunstâncias. 

Às vezes é melhor


Resolvi caminhar pelos dias
Na noite, flutuar no escuro
Cansei desse tal de futuro
Esperá-lo, pra quê?
Eu já sei que o outro dia é amanhã
E o ontem, podemos lembrar 
Não importa o tempo
Nem horas
E sim esse agora lá fora gritando
Brincando com o vento
Vivendo o momento
Com farta alegria
Sabedoria é fechar os olhos e respirar fundo
É ouvir o seu sentimento profundo
Pra enxergar a beleza do mundo.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Descoberta


Estamos nós no intervalo da química
Onde o medo ainda te prende
E a certeza lhe traz tantas dúvidas
Eu permaneço imóvel
Apenas assisto você se perder no seu próprio labirinto
Gostaria de poder te ajudar
Mas não posso
Descobrir o que sente é uma tarefa individual
Isso que sinto já é seu, não se preocupe
Resta agora você se libertar
Para transformá-lo em algo especial.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Horário


Ela mais uma vez saiu de casa para mais um dia de trabalho
Ele acordou atrasado, e saiu como deu
Ela andava tranquila, ele bem apressado
Por conta da noite perdida, trabalhando demais
Ele encontrou com ela no mesmo sinal
Que então se abriu e os olhares rolaram
Entre a faixa de pedestres, ambos sorriram
Ela gostou
Ele também
Foi aquele lance de primeira vista
Existiu também o frio na barriga
O destino dançava solto
O futuro já vinha envolto
Do amor que ali nascia
Mas por conta da covardia
Ninguém disse:  “Oi!”
Ela seguiu
Ele passou

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Não era apenas saudade


Não era apenas saudade
Tinha algo mais ali naquela fome
Mas ela não dizia o nome
Preferiu manter o silêncio, o desejo, o beijo
Era assustadora sua sede
Sua língua sedutora
Lábios que te chama
Encantadores olhos de mel
Vivos, fixos e penetrantes
Vimos o mundo se trocar
Da noite pro dia
Do dia pra noite
E permanecíamos ali
Deitados
Suados
Na mais excitante guerrilha
Que ela finge não ser de amor.

Impressão


Ela e sua beleza incerta
Impregnada de dúvidas internas
Não sabia o que amar
Embaralhava corações inocentes
Que já à amavam em segredo
Mas, pela sua inconstância
Se dissolviam em silêncio
Ao perceber que ela tinha
Um mistério no olhar
Aquele olhar que sorri e encanta
Escondia a palavra insegurança
Naquele belo corpo de mulher
Então, aventurei-me em suas matas
Degustei o seu corpo
Provei teus belos lábios
Me embriaguei de você
E dentro do seu íntimo consegui penetrar
Te encontrei protegida por alguém que não era
Por ser tão frágil e delicada
Machucava para evitar a dor
Vestida de espinhos de flor
Ela segue sua razão...
Arrastando o amor para a imprecisão.