Júlio estava sozinho em um bar no centro da cidade, tinha
acabado seu expediente e resolveu tomar uma cerveja gelada pra distrair a mente
antes de ir para casa, quando de repente a Alice, sua ex-namorada, surge
próxima ao balcão:
- Júlio?!
Surpresa e sorridente ela não acredita nesse reencontro após
longos quatro anos de separação. Júlio sorri e a cumprimenta:
- Olá Alice! Quanto tempo. Continua muito linda.
Depois do abraço e os beijos no rosto, ela senta-se perto dele e conversam sobre os dias de hoje e suas vidas.
Depois do abraço e os beijos no rosto, ela senta-se perto dele e conversam sobre os dias de hoje e suas vidas.
Após algumas cervejas a mais Alice teve a péssima idéia de
remexer no passado que estava morto e enterrado:
- Até hoje não me conformo Júlio e não entendo porque você
terminou comigo assim sem um real motivo.
Ele adverte:
- Por favor, Alice, não vamos tocar nesse assunto. Isso é
passado, já foi. Vivemos pra frente, não pra trás.
Ela insiste:
- Passado pra você ou será que não tem um motivo que possa
me esclarecer?
Então Júlio ao perceber que o defunto ainda insistia em se
mexer, resolveu de uma vez, por um fim em toda essa história de um amor que já
acabou:
- Ta bom Alice. Já que você faz questão de ouvir, vou falar
tudo pra você.
E assim Júlio deu início a uma humilhação que ela mesma
exigiu:
- Tínhamos que terminar o nosso namoro naquele dia que você
mais uma vez, teve uma crise de desconfiança e insistiu pela quinquagésima vez
a senha do meu e-mail. E eu sem paciência fui um tolo e te dei. Um gesto de
amor e confiança meio infantil da minha parte, mas depois disso, você
enlouqueceu. Passou a ler e-mails antigos que mandei para mulheres do passado
que aumentou ainda mais a sua fogueira de desconfiança, criando brasas de ódio.
A partir dali Alice, não tínhamos mais chance nenhuma de continuarmos juntos.
Alice tentou justificar e culpá-lo mesmo assim:
- O que tem a ver isso Júlio? Quem não deve não teme. E o
que li ali era mais que simples mensagens para ex-putas que você ficava.
Antes de deixá-la estender a conversa para o lado dela, Júlio
cortou e puxou a cega para uma realidade que ela nunca conseguiu enxergar pelo
visto:
- Alice, pára de falar bobagem e ouça-me com atenção!
O amor suporta muita coisa, mas não a desconfiança doentia.
Você me vigiava a cada segundo, entre ligações e mensagens.
Isso sufoca, cansa!
Eu não tinha tempo nem para conversar com um amigo.
Não tinha tempo pra mim em nada. Era só você todo o tempo.
Alice estava inerte e calada perante todas as palavras que
Júlio lançava de forma rígida e tranquilizante:
- Me arrependo até hoje Alice de todas as vezes que tentei
te fazer enxergar que era apenas você que me interessava naquele tempo. Que as
outras eram realmente um passado que não me interessava mais.
Tentei te acalmar inúmeras vezes quando você tinha sua crise
de ciúmes extrema e desconfiança. E a cada saliva que gastei tentando provar pra
você que te amava, era eu o mais agredido. Era eu e somente eu, o inocente que
pagou sozinho o preso do amor perdido pela sua pobre estupidez Alice.
Você me perdeu Alice, pela sua cegueira e visão distorcida do que é amar. E hoje, você faz parte da lista dos e-mails que não me interessam mais.
Você me perdeu Alice, pela sua cegueira e visão distorcida do que é amar. E hoje, você faz parte da lista dos e-mails que não me interessam mais.
Alice silenciou por fora e por dentro. Com o corpo trêmulo,
deixou escorrer uma gota de lágrima dos olhos que desenhou em seu rosto a
palavra “perdão”.
Júlio secou a lágrima, deu um beijo em sua testa, puxou a
carteira do bolso e colocou algumas cédulas na mão dela:
- Se cuida Alice e pague a minha conta. Odeio ver lágrimas
de um arrependimento tardio.
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