terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Ainda

A sensação mais estranha
É quando aquele nada perturba sua mente
Como se aquele beijo não tivesse sido dado ainda
Como aquela noite em que nossos corpos se encolheram
Dividiram o lençol, misturam saliva e suor
Parece que ainda não terminou
Ainda vejo teus olhos
Ainda vejo sua língua tímida, esperando a minha
Ainda vejo, ainda ouço
Teu gemido abafado, tua respiração ofegante
Tua pele morna e lisa
Tuas mãos pressionando meu corpo contra o seu
Uma luta de dois corpos se unindo
União de banquetes de carnes vivas
Sua fome, minha fome
Ainda não passou

Um comentário:

  1. "“Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada “impulso vital”. Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como “estou contente outra vez”. Ou simplesmente “continuo”, porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como “sempre” ou “nunca”. "


    Caio Fernando de Abreu.

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