segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O filosofo do bar

Pedro todos os dias batia cartão pontualmente às 22:48 no bar do Jonas.
Figura carimbada e conhecida pela maioria dos freqüentadores.
Pedro sentava sozinho em sua mesa já reservada. Sempre na área dos fumantes.
Ele estava divorciado a mais de quatro anos. Foi um relacionamento de seis anos e desde então Pedro vivia frustrações com seus novos relacionamentos. Sempre às 3:10, quando o bar já estava mais vazio, passava a filosofar sobre seus casos amorosos.
Só que na sexta-feira aconteceu algo diferente. O bar foi tomado por mulheres, solteiras, casadas, novas e coroas, quando Pedro começou suas opiniões sobre elas, como fazia todos os dias:
- As mulheres hoje em dia estão cada vez mais perdidas. Elas não sabem ao certo o que querem para si.
Buscam homens, jovens, moleques e esperam que eles as tratem como rainhas, coisa que elas decidiram abrir mão.
O som do bar do Jonas estava quase mudo e todas elas presentes, ouviam em silêncio o seu discurso:
- As mulheres são obstáculos em nossas vidas. São enigmas e interrogações. Elas sorriem sem querer sorrir. São felizes sós. São estranhas quando amam.
As mulheres cansaram de aceitar o amor, o carinho e a atenção dos homens. Elas preferem desilusões.
Vejo tantas mulheres com seus filhos ainda pequenos que se separaram dos maridos, cansadas da rotina da vida a dois e hoje buscam outro homem para formarem uma nova vida. Que idiotas! Vejo elas se dando para todos, qualquer um. Elas não curtem o encanto da conquista. Elas saem para se doarem e dizem que é apenas para se satisfazerem. E onde fica o romance e o amor?
Será que esse carinha que ela ficou hoje, vai assumir seus filhos? Será que ele realmente saiu com ela porque gostou ou foi só para se satisfazer?
Vejo-as reunidas em casa com as amigas contando suas noites de prazer, esquecendo que a vida delas está passando. E o pior é quando elas estão juntas para falar:
“Não existem mais homens perfeitos!”
Porra! Elas estão todas as noites em qualquer boteco barato, se exibindo como carne pronta para o abate. Adestraram os homens a esse mercado em liquidação, sem compromisso e esperam que eles mandem flores no outro dia ou mandem um torpedo falando que adorou a noite.
Elas criaram o novo abuso sexual e querem que o cara ame, sabendo que amanhã terá outra ex, solteira, viúva ou separada no mesmo bar em liquidação.
Que homem vai se prender mais a uma mulher? O comércio de mulheres iludidas é vasto e está a cada dia mais em ascensão.
Tem de todas as idades, basta o homem escolher. E ainda tem as casadas carentes, em busca de prazer.
Elas não aceitam que o mesmo homem convide-as para sair novamente. Por quê? Será medo de aceitar que aquele cara pode ter se interessado realmente por ela? Ou será que ela espera que o cara a veja com outro na próxima noite e ainda assim ligue procurando por ela?
Não entendo mais nada sobre mulheres e sim do comércio de suas carnes.
Pedro foi interrompido quando já estava em pé filosofando para o nada, pelo próprio Jonas:
- Pedro meu amigo! Já estamos fechando. Ta na hora né?
Foi quando o Pedro olhou ao seu redor e viu que todas as mesas estavam vazias:
- Nossa! Nem percebi Jonas que o bar já estava fechando. Quanto deu minha conta?
Jonas segurava uma caixa repleta de guardanapos e disse:
- Hoje você não vai pagar nada Pedro. Você pediu uma dose de whisky e nem se quer tocou no copo. Você passou horas sentado, mexendo no gelo, até a hora que começou seu discurso. Mas, quero que leve essa caixa e guarde pra sempre com você. E por favor! Dê um tempo sem aparecer aqui. Dê um tempo para você mesmo meu amigo.
Pedro pegou a caixa e sacudiu a cabeça confirmando que iria dar um tempo.
Ao chegar em casa, abriu a geladeira e pegou uma cerveja em lata. Sentou-se no sofá e foi olhar os guardanapos.
Muito deles continham maquiagens que foram tiradas, por conta das lágrimas que escorreram dos olhos das mulheres, borrando sua beleza.
Outros tinham números de celular, com o nome e um me liga.
Alguns palavrões, outros com frases como, “você mudou minha vida!”, alguns com beijos de batom e apenas um “eu te amo!”, o único que fez o Pedro parar de tomar sua cerveja e pensar:
“Quem será ela? Porque não colocou o nome ou o número para eu ligar?”
Pedro queria outra mulher para amar de verdade, mas, ela seguia a moda e preferiu não se identificar.
Assim como as outras, ela tinha medo de amar.

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