domingo, 11 de setembro de 2011

Samba e feijão

Um samba de quintal feito para todos não entenderem aquela comemoração
A barriga gritando de fome e nós ali ao redor da panela
A pressão da espera, o feijão, a razão da nossa existência fugaz
A cachaça barata descendo quente na garganta dos risos sem dentes
Alegria fabricada pelo motivo mais covarde de fuga
Crianças descalças no meio da roda
Mulheres se oferecendo feito tira-gosto
Homens delicados e lentos pelo efeito
O cheiro toma conta do bairro
O samba aumenta cada vez mais
Os pratos vão surgindo, junto com os gritos da gandaia
O mês suado vai indo embora em poucos minutos
A noite vai se despindo, virando madrugada
O frio chega anunciando a segunda-feira
Hora de limpar toda sujeira, por ordem naquela bagunça
Crianças, mulheres e homens se olham, sem nem saber o seu samba
A festa humilde berrante que clamava por dignidade, não foi bem vista
O samba da inclusão, foi visto como sempre
Bando de pobres

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