sábado, 14 de julho de 2012

Ciúmes em vão



Cintia caminha desprevenida na Av. Paulista
Poucas pessoas cruzavam seu caminho.
Próximo ao acesso a estação Trianon - Masp, Cintia se depara com Marcos (seu namorado) de mãos dadas com uma loira.
Sem acreditar no que via, Cintia passou despercebida pelos dois.
Marcos seguia em direção ao metrô, conversando, sorrindo de mãos dadas com a desconhecida.
Há doze pessoas de distância, Cintia observava o canalha abraçadinho com ela.
Ela controlava-se para não esganar os dois ali mesmo no meio do povo.
Todos embarcam no metrô do horóscopo de um maldito jornal, que a Cintia leu hoje mais cedo no trabalho:
"Dia favorável para dar um passeio, mas evite lugares movimentados, eles podem estragar seu dia."
Cintia observava sentada, os dois trocando carícias de pé.
De estação em estação, gente entrava e saía, e ela se distorcendo em silêncio.
Era um trem fantasma de lembranças falsas do seu falso amor.
Promessas ilusórias... traída quando completavam o primeiro mês de namoro.
"Como sou idiota!"
Próximo a estação do Tucuruvi, Cintia, nota que Marcos e a loira desconhecida, estão anciosos.
"Será que ele vai descer aqui em casa também? Se ele descer desfilando com essa vagabunda aqui no bairro onde todos já o conhecem, não sei o que faço."
Esse era os seus pensamentos nesse momento crucial. Marcos estava prestes a quebrar o limite do respeito.
E assim aconteceu, ele desceu na estação de mãos dadas com a loira de olhos claros, como o dele, mas muito mais nova.
A "estranha", vestia uma calça jeans escura, uma camiseta de manga amarela e sempre muito sorridente.
Cintia caminhava trêmula como se o frio do ártico soprasse raiva, ódio e dor.
"Seu FDP! Como tem essa cara de pau de vir aqui?!"
Ela só pensava no mal, no mal...  no mal...
Aquele velho instinto natural animal de todo ser vivo. Que ressistiu há anos, matando, devastando.
Cintia agora era o inferno vivo, borbulhando sangue quente de lava.
Marcos seguia com sua "amiguinha" em direção a portaria do prédio da sua namorada, ou seria ex?! Pelo decorrer da situação, não existiria como a Cintia continuar sendo sua namorada.
"Se você subir com essa "vadia" pro meu apartamento, matarei os dois!"
Pensamentos macabros, rondavam a mente de Cintia e mesmo assim, Marcos decide desafiar o veneno da sua namorada.
Ele cumprimenta o porteiro e entra no prédio com a "linda loira".
Marcos tinha a chave do Ap, foi uma das primeiras coisas que ela deu para ele quando começaram o namoro.
Cintia não conseguia mais caminhar. Parou na esquina próxima ao seu prédio e fumou  lentamente um cigarro de filtro branco.
A brasa queimava e acendia feito uma tocha, a cada tragada dela.
Culpa de um tal João Zimmermann, o cara que escreveu o maldito horóscopo que ela leu.
Se ele soubesse que matou o maior sonho dela, se suicidava.
Cintia arremessou a ponta do cigarro aceso, do outro lado da rua, após 15 minutos sozinha de pé ao lado de um poste.
Marca de batom vermelho na bituca e dos dentes, pois a cada novo pensamento cruel, ela mordia o filtro branco.
Seguiu como numa marcha violenta em direção a portaria.
Passou tão apressada que nem ouviu quando o porteiro disse que seu namorado já estava aí.
Nem precisava avisar, ela já sabia de tudo.
"O FDP trouxe a amante pra comer dizendo que era seu o Ap".
Cintia estava nas trevas! Subia a passos largos os degraus da escada.
Parou diante do corredor e ouviu que alguém, estava no chuveiro.
Marcos cantarolava feliz durante o banho.
"Tá feliz né canalha?! Comeu a ninfetinha loira em minha cama né!?"
Vertigens negras sussurravam em sua mente.
Cintia corre para porta e invade a casa como a "SWATT", sem chances de preparação ou camuflagem do ato.
A luz do quarto estava acesa, mas antes, ela passa na cozinha e pega uma faca.
Assustada, Milena (a loira) levanta-se da cadeira e abandona seu twitter escrevendo:
"Acho que alguém entrou aqui..."
Sem tempo de reflexo para esborçar uma defesa, Cintia penetra a faca na barriga da loira que estava saindo do quarto.
O grito estalado de dor e medo de Milena, fez Marcos tremer no chuveiro, que sai molhado de desespero.
Cintia devorava a loira com vários golpes, rasgando e manchando sua blusa amarela de sangue e carne.
"Nãooooo...!"
Marcos nu, grita aos prantos, ao ver Milena ensanguentada no chão e Cintia labendo os lábios de sangue.
"Você ficou louca Cintia??!!"
Marcos agachado tenta socorrer algo já morto, enquanto Cintia o esfaqueava entre as costelas.
Sem acreditar que sua amada estava alucinada, possuída e com desejos de prazer no olhar, a cada vez que sentia a faca perfurando seu corpo.
Estirado numa enorme poça de sangue, Marcos perguntou para Cintia num olhar quase perdido:
"Por que?"
Cintia está presa há dois anos e Marcos morreu sem saber porque o amor da sua vida, matou ele justamente no dia que comemoravam um mês de namoro.
Mas, com toda certeza, sua maior dúvida sempre será, porque ela matou a Milena, que foi lá para comemorar com eles e para conhecer pessoalmente sua nova cunhada.
Ou seria assassina?

2 comentários:

  1. Você é bom mano!
    Mó brisa a história.

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  2. Final louko!!!!!!! Estilo romance policial... Sempre com fim trágico e motivos banais!!! boa nuts.

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