domingo, 18 de março de 2012

Premonição

Assim deslizou a moeda das mãos e rodopiou no chão
Passos e mais passos que não ouviram seu canto metálico
Pessoas apressadas não notaram a nota
E ali ela repousou, por horas
Ao lado das lixeiras coloridas
Na companhia de chicletes pretos derretidos na calçada
A moeda brilhava em certos momentos
Quando o trafego diminuía
Quando sua rota era outra
Choveu, alagou e ela não se mexeu
Permaneceu ali até a noite
Quando a fome roncava no estômago da criança
Que era invisível para muitos dos olhos
Que ela abordava pedindo esmola
Sem ganhar nada, a criança e a fome
Encostaram-se ao fast-food colorido
Comeram restos, comeram tudo
Silenciou a fome e sorriu profundo
Quando pegou a moeda que sobreviveu
A tudo e  a todos
A esmola de Deus.

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