quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Sempre quis provar tua boca

De fato, foi tudo uma grande surpresa, para ambos.
Fazia um mês que não se viam. Nunca mais se encontraram no ponto de ônibus.
Fazia tempo que não sorriam tímidos.
Fazia tempo que disfarçavam suas alegrias ao se encontrarem, mesmo que de repente.
Ele sem por que, desceu cinco pontos antes do seu.
Resolveu caminhar até sua casa.
Colocou os fones no ouvido e caminhou.
De longe reconheceu um andar. Ficou a observar e sorriu pensativo:
“É ela!”
E era ela mesma. Calça jeans, uma blusa com estampa de flores e seu óculos, que dá um tom a mais no teu belo rosto.
Aqueles cabelos de sol inconfundíveis, presos, mostravam a nuca que todo Drácula deseja.
Ele atravessou a rua, pois, tinha que por crédito no útil inútil celular, e entrou na banca de jornal.
Sem esperar, eis que surge ela ali, com sua face meiga e doce.
Enquanto aguardava ser atendido, lançou um tímido oi.
Ela retribuiu com outro oi seguido daquele sorriso único. Sem esperas ela comentou:
- Nunca mais te vi. Tava viajando?
Ele explicou sobre sua ausência:
- Não, não! São os nossos horários que estão diferentes agora.
Ela soltou aquele “hum”, com um certo ar de desanimo.
Pagou o que devia e ela também. Ele perguntou:
- Vai andando pra lá? Posso te fazer companhia?
Ela não exitou:
- Lógico!
E caminharam lado a lado conversando sobre suas rotinas de trabalho e ambos debochando das bobagens dos negócios do mundo.
O tom suave da tua voz era encantador.
Pararam próximo a rua da casa dela e ficaram por ali com conversas meio que empurradas, inventadas, para não existir o tchau, até, adeus.
Sentindo a vontade e o desejo, ele não exitou em provar, e foi:
- Tem algo aqui no teu rosto.
Ela perguntou assustada, enquanto ele dirigia a mão até sua face:
- O quê?!
- Já tirei. Só queria tocar tua pele.
Ela sorriu tão vermelha e nem perceberá que a mão dele ainda repousava por lá.
Como um imã a mão dela tocou a mão dele.
Olhares interligados, em sintonia, silenciaram a rua.
Ela dirigia seu rosto lentamente em direção ao dele. Como um raio, ele puxou ela pra perto dele, como num abraço e sussurrou em teu ouvido:
- Você é linda!
Ela virou e ficou lábio a lábio dele. E ele repetiu olhos nos olhos:
- Você é linda!
Como uma hipnose, ela ficou a mercê de um beijo. E planejado ele deu...
Um beijo na bochecha dela e disse:
- Vou esperar quando você quiser me contar o teu segredo. Pois, o meu, já te revelei.
E saiu andando, enquanto ela, o observava se afastando.
Já do outro lado da rua, ela gritou:
- Ei! Espera! Vou te contar um segredo!
Ele parou sorrindo, enquanto ela corria em sua direção.
Sem falas, eles se beijaram ali na avenida principal.
Um beijo que sugava os olhares alheios que passavam e deu ibope.
Não era novela, era vida real! Que acabou por hoje com a revelação dela:
- Sempre quis provar tua boca!

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