domingo, 24 de julho de 2011

Aquarela

Desde cedo a tatuagem pinta a sala e na parede um quadro de você
Em outros tempos rostos camuflados eram símbolos de luta e prazer
Beijos astrais, já não são fatais
Tanto querer, já não importa mais
Rasga a seda e a bandeira que se queima é a margem da nossa nação
Choro ensangüentado nas esquinas são simplesmente formas de oração
Corpos que caem, só querem morrer
Quem estende a mão? Pra quê?

Aquarela brasileira tem som de beira de asfalto
Um farrapo, maltrapilho, suas vestes são sujas de mim
Anjos que sussurram susto, abrem asas para o pior temporal
O mundo se ajoelha para humanos desumanos em potencial
A morte beija a boca da mais bela, todos aceitam o fim
Pra ir tão longe nesse campo de cegos é preciso ferir
Com espadas, com lanças, com raiva e com a solidão

De nós, esse sonho que se perdeu
Vendeu por tão pouco, trocou por pedra até mesmo Deus
Jesus se escondeu em sua cama
Com medo da lama que o homem criou

Flores na janela cheiram o pó
O pôr do sol já não é seu
O filho que sonhou agora veio cuspir em você
Esquecer que eu existo, são as tintas pra pintar esse céu que insiste em ser azul
Pra quê? Pra quê?

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