terça-feira, 3 de maio de 2011

E eu que pensei que fosse um lobo

E eu que pensei que fosse um lobo
Por ter nascido naquela atmosfera excluída
Que sempre busca, mas, nunca tem uma chance
Nasci num lugar onde somos classificados
Nasci na classe dos preconceitos
Principalmente eu, que sou negro
Por andar nas ruas do abandono
De esgoto a céu aberto
Nas calçadas da lama
Dos nossos pais
Nosso espelho de ensino fundamental
Das meninas sem vergonha
Dos meninos de boca suja
Dos descalços
Cresci descrente
Vivi carente
Sobrevivi chacinas, as colas, as pedras e cocaínas
E nessa esquina onde peço esmolas
O desdém é o que mais me assola
E aumenta minha dor e um sentimento ruim
A raiva pensei que fosse do animal dentro de mim
Mas, o uivar do meu lobo tinha outro nome
Era apenas meu estômago soletrando a palavra fome

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