O fim do mundo começou quando abri os olhos para a realidade.
Quando vi seu Alfredo na calçada pedindo esmola, depois de uma vida regada de
trabalho para dar alimentação, um teto e educação para os seus doze filhos que
o abandonaram.
O fim do mundo começou quando uma moça subiu no ônibus com
sua filhinha recém-nascida e ninguém se moveu para ceder um lugar para ela
sentar-se.
Começou quando percebi que todos não notavam as árvores
solitárias nas cidades. Não ouviam o canto dos pássaros, não sorriam para os
filhotes que brincavam no parque.
Começou quando tudo era pressa, quando os rostos se fecharam
na amargura do estresse. Com o abuso do poder, com o crescimento do
desvalorizar o semelhante, por ter outro tipo de pele, por morar no bairro que
foi imposto a ser pobre.
O fim do mundo começou quando vi dona Maria, uma cega, no
semáforo com seu filho de 26 anos, com uma saúde extraordinária, mas ao invés de
trabalhar, usava a deficiência da mãe para arrecadar uns trocados.
Começou quando vi amigos de infância aprisionados a um vício
podre. Roubando senhores que lutaram por anos para conseguirem suas coisas e
perdiam assim como um piscar de olhos.
O fim começou quando vi um rapaz matando um adolescente
porque ele não tinha um celular, um relógio ou um trocado para ser roubado.
Começou quando vi as mulheres abrindo as pernas em busca de
um casamento que só existia em função da grana e não do amor.
Quando vi milhares de crianças abortadas ou abandonadas nas
ruas por conta do sexo sem compromisso e sem cuidado.
Começou quando vi as pessoas lindas por fora e macabras por
dentro. Com maus pensamentos e desejos de crescimento em desunião.
O fim do mundo começou há tanto tempo, que nem sei por que
tememos o dia 21. Será apenas o fim dessa vida falsa e repleta de ilusões.
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