sábado, 24 de março de 2012

Relicário

Pais divorciados, falta de contato
Nova e inocente, engravidou precocemente
Casou-se por um amor ainda não real
Engravidou mais uma vez no fogo da vida conjugal
Esposo na dele, tanto fez, tanto faz
Chegar do trabalho sem ela em casa
Mas, com ela, uma transa não faz mal
Ela precisou trabalhar, pois, as crianças cresciam
E dar para eles o melhor era tudo que podia
A mulher exigia mais sangue do marido
Ele não queria nem saber, abriu as pernas porque quis
Meses foram passando, ela conhecendo gente e se cansando
Não foi essa vida que a menina sonhadora queria
Queria flores na janela, um amor de cuidados e sabores
O homem queria farra com os amigos, ruas e pernas
Bares cheios de cadelas, moças sujas e até limpas
Só queria por pra fora o teu líquido viril
Ela conhecia homens, já vividos e ainda sonhadores
Livres de demonstrações de masculinidade
A mulher se encantava, há tempos não conversava com a simplicidade
Recebia elogios, gestos de educação como um simples bom dia
Que o homem que a comia, dormia e acordava todos os dias ao seu lado
Esqueceu em alguma parte do passado, no momento da conquista
Ela ralava, só tinha um dia de folga e o tal marido, o homem com H, sumia!
Não aproveitava o momento certo de ser o príncipe encantado
A mulher cansada não mais resistiu
Tomou coragem, tomou todas
E numa simples mensagem, procurou o mais novo conhecido
O amigo das suas noites solitárias
Aquele cara que sempre a ouvia desabafar
Aquele cara que sempre a erguia
“Quando estiver disponível, me avisa”
E assim o pecado, a traição nascia
Mas, quem foi o culpado?
Justamente aquele que não sabia
Ela agora gemia, ainda embriagada, na cama do homem que fugia da moda
Que cantava, pensava, agradava e falava poesias.

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